"Gostaria de agradecer aos meus colegas da União Africana pela escolha unânime do Senegal para exercer a presidência da União para o período 2022 - 2023", anunciou o chefe de Estado senegalês, Macky Sall, na sua conta na rede social Twitter.
A candidatura do Senegal foi apresentada em bloco pelos países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), de que fazem parte os lusófonos Cabo Verde e Guiné-Bissau, após as desistências das candidaturas do Gana e do Togo.
A escolha para a presidência rotativa da União Africana é feita com um ano de antecedência, os países devem manifestar a sua vontade de assumir o cargo e a escolha, em regra, respeita critérios de representação geográfica.
O Senegal irá suceder na presidência à República Democrática do Congo (RDCongo), cujo Presidente Félix Tshisekedi assumiu hoje oficialmente a liderança da organização.
Félix Tshisekedi recebeu a passagem de testemunho do chefe de Estado da África do Sul, Cyril Ramaphosa, numa cerimónia que decorreu num formato misto presencial e virtual.
A diplomacia cabo-verdiana foi uma das principais entusiastas da candidatura do Senegal à presidência da União Africana, com o ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano, Rui Figueiredo Soares, a manifestar a expectativa de que a escolha do Senegal possa beneficiar a integração regional do arquipélago.
"O Senegal é um parceiro próximo de Cabo Verde, com quem temos relações excelentes, o Presidente Macky Sall tem dado muito apoio à política de integração de Cabo Verde e será uma boa experiência e uma boa notícia para Cabo Verde”, disse Figueiredo Soares, antes de conhecida a escolha.
Na segunda-feira, o Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, disse que o consenso entre os 15 Estados da CEDEAO em relação à candidatura do Senegal fortalecia "a posição da organização no confronto com as outras sub-regiões”.
A União Africana foi criada a 11 de Julho de 2000 para substituir a Organização da Unidade Africana (OUA), fundada a 25 de Maio de 1963, e reúne actualmente 55 estados-membros, incluindo os lusófonos Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
A presidência da organização é rotativa entre países pelo período de um ano e a gestão executiva é assegurada por uma comissão constituída por um presidente, um vice-presidente e seis comissários, eleita para mandatos de quatro anos.
Os chefes de Estado e de Governo dos 55 Estados-membros reúnem-se anualmente em assembleia na sede da organização, em Adis Abeba, na Etiópia, mas este ano, devido à pandemia de covid-19, a cimeira decorre em formato virtual.
Moçambique foi o único país de língua portuguesa a assumir a presidência rotativa da organização em 2003-2004, quando o chefe de Estado era Joaquim Chissano.
Teodoro Obiang, da Guiné Equatorial, liderou a União Africana em 2011-2012, antes da adesão do país à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em 2014.