União Africana reconduz presidente da Comissão e três dos seis comissários

PorExpresso das Ilhas, Lusa,7 fev 2021 9:28

Faki Mahamat
Faki Mahamat

​O chadiano Faki Mahamat foi reconduzido hoje na presidência da comissão da União Africana, numa votação que reelegeu também a angolana Josefa Sacko e escolheu o nigeriano Bankole Adeoye para liderar os assuntos políticos e de segurança.

No primeiro dia da cimeira anual de Chefes de Estado e de Governo da organização, que reuniu num formato misto presencial e por videoconferência, as eleições para o principal órgão executivo da União Africana (UA) concentraram as atenções dos líderes dos 55 estados-membros.

O antigo primeiro-ministro e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Chade, Moussa Faki Mahamat, que se candidatou sem oposição, foi reeleito por 51 dos 55 estados-membros, ultrapassando os dois terços dos votos necessários à eleição.

"Estou profundamente honrado por este histórico e esmagador voto de confiança", disse Faki Mahamat, na sua conta na rede social Twitter, após ter sido reeleito ao final da tarde para um mandato de quatro anos à frente da Comissão da UA, órgão executivo e estrutura crucial da organização pan-africana.

As acusações, rejeitadas pelo próprio, de que existe "uma cultura de assédio sexual, corrupção e intimidação dentro da comissão" parecem não ter pesado na escolha dos chefes de Estado, alguns dos quais tinham manifestado dúvidas quanto ao sigilo da votação pela internet.

Cumprindo as novas regras, que ditam a paridade de género nos cargos da União Africana, para a vice-presidência foi eleita a economista e vice-governadora do Banco Central do Ruanda, Monique Nsanzabaganwa.

A angolana Josefa Sacko, a única representante lusófona na comissão da União Africana, foi também reeleita para um segundo mandato.

A engenheira agrónoma e diplomata angolana foi durante os últimos quatro anos comissária para a Agricultura e Economia Rural, a que se juntam no próximo mandato a Economia Azul e o Ambiente, de acordo com a reestruturação da Comissão da UA, que passou de oito para seis comissários.

O zambiano Albert Muchanga foi igualmente reconduzido como comissário do Desenvolvimento Económico, Comércio, Indústria e Minas, tal como a egípcia Amani Abou-Zeid, que renovou o seu mandato como comissária das Infra-estruturas e Energia.

O diplomata nigeriano Bankole Adeoye foi eleito com 55 votos para liderar a supercomissão que reúne os Assuntos Políticos e a Paz e Segurança, duas áreas fundidas num único departamento na nova comissão.

Sobre Bankole Adeoye recaem grandes expectativas, nomeadamente na tentativa de resolução de muitas crises africanas que a UA é acusada de negligenciar, incluindo o conflito entre o governo dos Camarões e os separatistas de língua inglesa ou a ascensão de radicais islâmicos no norte de Moçambique.

A eleição para as pastas da Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação e dos Assuntos Humanitários e Desenvolvimento Social foram adiadas, mantendo-se em funções até as eleições as actuais comissárias, respectivamente a sudanesa Amira Elfadil e a camaronesa Sarah Agbor.

Além da eleição dos órgãos executivos da UA, que decorreu à porta fechada, as discussões centraram-se na pandemia de covid-19 e no acesso dos países africanos à vacinação.

"Esta doença tem causado muito sofrimento e dificuldades no nosso continente", disse o chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, presidente cessante da UA, no seu discurso de abertura, sublinhando que à emergência sanitária está associada uma "grave crise económica e social".

Depois de uma apresentação sobre os actuais esforços africanos para lidar com a pandemia, Ramaphosa apelou ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para que liberte novos recursos "para combater a brutal desigualdade nos pacotes de estímulo fiscal entre as economias avançadas e o resto do mundo".

O seu sucessor como presidente rotativo da organização, o homólogo da República Democrática do Congo, Felix Tshisekedi, comprometeu-se a tornar a UA mais relevante, "tirando-a das salas de reunião".

Tshisekedi delineou um programa ambicioso que abrange a luta contra as alterações climáticas, a violência sexual, a promoção da Área Continental Africana de Comércio Livre e o projecto da mega-barragem de Inga no seu país.

Durante este primeiro dia foi ainda decido que o Senegal irá assumir a presidência rotativa da UA em 2022-2023.

A cimeira da UA, que prossegue no domingo, coincide com o anúncio de uma nova política diplomática norte-americana por Joe Biden, que, numa mensagem enviada aos líderes africanos, manifestou a sua vontade de renovar os laços com as instituições multilaterais, incluindo a União Africana.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,7 fev 2021 9:28

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  5 nov 2021 23:21

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