O ainda chefe de Estado do Níger “demonstrou uma liderança excepcional e respeito pela democracia perante uma combinação de desafios sem precedentes", lê-se no comunicado hoje distribuído em Londres, sede da organização que anualmente distingue "líderes excepcionais que, durante o seu mandato, tenham desenvolvido os seus países, reforçado a democracia e protegido o Estado de direito em benefício comum do seu povo".
Mahamadou Issoufou cumpriu dois mandatos de cinco anos como Presidente do Níger, entre 2011 e 2020, sendo a sexta individualidade galardoada com o Prémio Ibrahim. Em 2011, recorde-se, o galardoado foi o antigo presidente de Cabo Verde Pedro Pires. (Ver lista de laureados aqui).
"O Comité do Prémio elogiou a excepcional liderança do Presidente Issoufou depois de herdar uma das economias mais pobres do mundo, enfrentando desafios aparentemente intransponíveis", aponta-se no texto, que sublinha que "ao longo do seu mandato, o Presidente Issoufou fomentou o crescimento económico, demonstrou um compromisso inabalável para com a estabilidade regional e a constituição e defendeu a democracia africana".
Citado no comunicado, o presidente do Comité do Prémio e antigo Presidente do Botsuana afirmou: "Perante os mais graves problemas políticos e económicos, incluindo o extremismo violento e a desertificação crescente, o Presidente Mahamadou Issoufou conduziu o seu povo por um caminho de progresso".
Festus Mogae lembrou ainda que "o número de nigerinos que vivem abaixo da linha de pobreza caiu para 40%, em comparação com 48% há uma década, e embora persistam desafios, Issoufou manteve as suas promessas para com o povo nigerino e abriu o caminho para um futuro melhor".
Mahamadou Issoufou foi democraticamente eleito Presidente pela primeira vez em 2011, após muitos anos de governação militar no Níger, e foi novamente escolhido eleito para um segundo mandato em 2016, tendo renunciado ao poder no final do mandato, "demonstrando o seu claro respeito pela constituição", aponta-se no comunicado.
Também citado no texto, Mo Ibrahim afirmou: "Estou encantado com a decisão do Comité do Prémio de tornar o Presidente Mahamadou Issoufou um laureado com o Prémio Ibrahim. É um líder notável que tem trabalhado incansavelmente para o povo do Níger, enfrentando com determinação e respeito alguns dos desafios mais difíceis da região; estou orgulhoso de ver Issoufou reconhecido como exemplo de liderança excecional e espero que o seu legado inspire gerações de líderes africanos".
O Prémio Ibrahim oferece cinco milhões de dólares, cerca de 4,2 milhões de euros, pagos ao longo de 10 anos, e procura assegurar que "o continente africano continue a beneficiar da experiência e da sabedoria de líderes excepcionais quando estes deixam de exercer funções oficiais, permitindo-lhes continuar o seu inestimável trabalho noutras funções cívicas respeitantes ao continente".
O Prémio foi lançado em 2006, tendo Nelson Mandela sido distinguido como vencedor honorário inaugural, em 2007. Também em foi laureado o ex-chefe de Estado moçambicano Joaquim Chissano. No ano seguinte, o prémio foi atribuído a Festus Mogae, do Botswana. Durante os três anos seguintes, o júri decidiu não seleccionou nenhum vencedor. O Prémio Ibrahim 2011 da "boa governação" em África 2011 foi então atribuído, como referido, ao antigo Presidente Cabo erdiano Pedro Pires. O quinto chefe de Estado reconhecido foi Hifikepunye Pohamba, da Namíbia (2014), seguido de Ellen Johnson Sirleaf, da Libéria, em 2017.
O Níger realizou a segunda volta das eleições presidenciais em 21 de Fevereiro e os resultados oficiais provisórios apontam para a vitória de Mohamed Bazoum, um próximo do Presidente Mahamadou Issoufou, como o vencedor, com 55,7% dos votos, mas esta vitória é contestada pelo seu opositor, Mahamane Ousmane, que garante ter conquistado 50,3% dos votos.
O novo Presidente deverá tomar posse em Abril.
A violência pós-eleitoral no Níger causou pelo menos dois mortos, segundo os números do Governo, e foram detidas cerca de 500 pessoas nas manifestações.