Presidente cessante do Níger vence Prémio Mo Ibrahim deste ano

PorExpresso das Ilhas, Lusa,8 mar 2021 10:19

O Presidente cessante do Níger, Mahamadou Issoufou, ganhou a edição deste ano do Prémio Ibrahim para a Excelência na Liderança Africana, anunciou hoje a fundação, que anualmente atribui este galardão a líderes excepcionais no continente africano.

O ainda chefe de Estado do Níger “demonstrou uma liderança excepcional e respeito pela democracia perante uma combinação de desafios sem precedentes", lê-se no comunicado hoje distribuído em Londres, sede da organização que anualmente distingue "líderes excepcionais que, durante o seu mandato, tenham desenvolvido os seus países, reforçado a democracia e protegido o Estado de direito em benefício comum do seu povo". 

Mahamadou Issoufou cumpriu dois mandatos de cinco anos como Presidente do Níger, entre 2011 e 2020, sendo a sexta individualidade galardoada com o Prémio Ibrahim. Em 2011, recorde-se, o galardoado foi o antigo presidente de Cabo Verde Pedro Pires. (Ver lista de laureados aqui). 

"O Comité do Prémio elogiou a excepcional liderança do Presidente Issoufou depois de herdar uma das economias mais pobres do mundo, enfrentando desafios aparentemente intransponíveis", aponta-se no texto, que sublinha que "ao longo do seu mandato, o Presidente Issoufou fomentou o crescimento económico, demonstrou um compromisso inabalável para com a estabilidade regional e a constituição e defendeu a democracia africana".

Citado no comunicado, o presidente do Comité do Prémio e antigo Presidente do Botsuana afirmou: "Perante os mais graves problemas políticos e económicos, incluindo o extremismo violento e a desertificação crescente, o Presidente Mahamadou Issoufou conduziu o seu povo por um caminho de progresso".

Festus Mogae lembrou ainda que "o número de nigerinos que vivem abaixo da linha de pobreza caiu para 40%, em comparação com 48% há uma década, e embora persistam desafios, Issoufou manteve as suas promessas para com o povo nigerino e abriu o caminho para um futuro melhor".

Mahamadou Issoufou foi democraticamente eleito Presidente pela primeira vez em 2011, após muitos anos de governação militar no Níger, e foi novamente escolhido eleito para um segundo mandato em 2016, tendo renunciado ao poder no final do mandato, "demonstrando o seu claro respeito pela constituição", aponta-se no comunicado.

Também citado no texto, Mo Ibrahim afirmou: "Estou encantado com a decisão do Comité do Prémio de tornar o Presidente Mahamadou Issoufou um laureado com o Prémio Ibrahim. É um líder notável que tem trabalhado incansavelmente para o povo do Níger, enfrentando com determinação e respeito alguns dos desafios mais difíceis da região; estou orgulhoso de ver Issoufou reconhecido como exemplo de liderança excecional e espero que o seu legado inspire gerações de líderes africanos".

O Prémio Ibrahim oferece cinco milhões de dólares, cerca de 4,2 milhões de euros, pagos ao longo de 10 anos, e procura assegurar que "o continente africano continue a beneficiar da experiência e da sabedoria de líderes excepcionais quando estes deixam de exercer funções oficiais, permitindo-lhes continuar o seu inestimável trabalho noutras funções cívicas respeitantes ao continente".

O Prémio foi lançado em 2006, tendo Nelson Mandela sido distinguido como vencedor honorário inaugural, em 2007. Também em foi laureado o ex-chefe de Estado moçambicano Joaquim Chissano. No ano seguinte, o prémio foi atribuído a Festus Mogae, do Botswana. Durante os três anos seguintes, o júri decidiu não seleccionou nenhum vencedor. O Prémio Ibrahim 2011 da "boa governação" em África 2011 foi então atribuído, como referido, ao antigo Presidente Cabo erdiano Pedro Pires. O quinto chefe de Estado reconhecido foi Hifikepunye Pohamba, da Namíbia (2014), seguido de Ellen Johnson Sirleaf, da Libéria, em 2017.

O Níger realizou a segunda volta das eleições presidenciais em 21 de Fevereiro e os resultados oficiais provisórios apontam para a vitória de Mohamed Bazoum, um próximo do Presidente Mahamadou Issoufou, como o vencedor, com 55,7% dos votos, mas esta vitória é contestada pelo seu opositor, Mahamane Ousmane, que garante ter conquistado 50,3% dos votos.

O novo Presidente deverá tomar posse em Abril.

A violência pós-eleitoral no Níger causou pelo menos dois mortos, segundo os números do Governo, e foram detidas cerca de 500 pessoas nas manifestações.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,8 mar 2021 10:19

Editado porSara Almeida  em  8 mar 2021 16:20

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