O Governo de Unidade Nacional explicitou que esta força foi criada para garantir a segurança dos opositores da Junta, mas não adiantou se está preparada para se envolver em combates com os militares, segundo a agência japonesa Kyodo News.
Uma declaração subscrita pelo primeiro-ministro do Governo de Unidade Nacional de Myanmar, na quarta-feira, também não especificou detalhes sobre a "Força de Defesa do Povo".
O executivo constituído para fazer frente à Junta, que está no poder desde 01 de Fevereiro, tem como objetivo a criação de um exército federal, constituído pelas minorias étnicas do país e que exigem mais autonomia.
O Governo de Unidade Nacional também já tinha dito que tem como responsabilidade acabar com o "terrorismo" dos militares e com a guerra civil que dura há sete décadas.
A Junta emitiu mandados de detenção contra vários oficiais do executivo paralelo, que estão acusados de traição e cuja pena em Myanmar (antiga Birmânia) é a morte.
O golpe militar em Myanmar seguiu-se à vitória do partido de Aung Sang Suu Kyi nas eleições de Novembro de 2020.
Os militares tomaram o poder alegando irregularidades no processo eleitoral do ano passado, apesar de os observadores internacionais terem considerado a votação legítima.
Desde então, milhares de pessoas têm-se manifestado contra os militares, sobretudo na capital económica, Rangum, e em Mandalay, a segunda maior cidade do país.
Os generais birmaneses têm intensificado o recurso à força para enfraquecer a mobilização a favor do regresso do Governo civil, com milhares de pessoas a descerem às ruas em desfiles diários.
Myanmar está à beira de um colapso económico, já que grande parte das atividades económicas estão paralisadas, devido às greves dos trabalhadores que fazem parte do movimento de desobediência civil que contesta a Junta Militar.
Além da situação interna, a economia de Myanmar é cada vez mais afectada pelas reacções externas à violência crescente da Junta contra os manifestantes, enfrentando uma vaga de sanções económicas de potências ocidentais como os Estados Unidos e a União Europeia.
De acordo com a Associação de Assistência aos Presos Políticos (AAPP), desde a revolta militar 769 pessoas foram mortas pela junta e 3.677 estão detidas.