"A maior ameaça é nas economias emergentes onde as taxas de vacinação continuam baixas e a distribuição de vacinas é mais lenta", escrevem os analistas, numa nota de análise enviada aos investidores, a que a Lusa teve acesso.
Nestas economias emergentes "estão incluídos quase todos os países africanos e partes da Ásia e da América Latina", apontam, notando que "apesar de o impacto económico não ser tão mau como em vagas anteriores, já que os negócios e as pessoas já se adaptaram, as repercussões ainda serão significativas".
Para os analistas da Capital Economics, "a verdadeira lição a retirar” é que provavelmente será preciso “aprender a viver com o vírus da COVID-19 a longo prazo", uma vez que "apesar de as hospitalizações terem diminuído por agora, à medida que a eficácia da vacina se desvanecer, as variantes podem aumentar".
Nesse caso, concluem, "será necessária uma nova dose da vacina, o que pode atrasar ainda mais a distribuição das vacinas nos mercados emergentes, o que acentuaria a divergência entre as economias mais avançadas e as mais atrasadas".
Numa intervenção esta semana no Dia de África no Fórum Político de Alto Nível sobre o Desenvolvimento Sustentável, organizado pela Organização das Nações Unidas, o comissário da União Africana para o Comércio e Indústria, Albert Muchanga, disse que a taxa de vacinação no continente é ainda muito baixa.
"Para África estar bem posicionada para a recuperação económica, a visão da União Africana é que o primeiro passo é garantir um fornecimento justo e acelerado de vacinas para imunizar os africanos, porque enquanto isso não for feito, e temos menos de 3% da população vacinada, falar de recuperação e resiliência tornar-se duplamente desafiante", disse.
Durante a sua intervenção, Muchanga salientou que "a terceira vaga que África atravessa vai ter impactos profundos neste ano, no próximo ano e talvez mais para a frente, e vai trazer perturbações sociais que só serão combatidas se a igualdade estiver no centro das políticas de recuperação".
Esta semana, a responsável para África na Organização Mundial da Saúde anunciou que o continente demorou apenas um mês a acumular um milhão de novos casos de infecção pela COVID-19, que já ultrapassou os seis milhões de casos no continente.
"A terceira vaga continua o seu caminho destruidor, ultrapassando outro triste marco histórico, com o continente a ultrapassar os seis milhões de casos", disse Matshidiso Moeti, no Twitter da OMS África.
No último mês, acrescentou a responsável, "África registou um milhão de casos, o tempo mais rápido para adicionar este número, que demorou cerca de três meses para passar de 4 milhões para 5 milhões de casos".
A pandemia de COVID-19 provocou mais de quatro milhões de mortes em todo o mundo, entre cerca de 190 milhões de casos de infecção pelo novo coronavírus, segundo a agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detectado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e actualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.