"Recuperámos mais corpos, até agora temos 19. O número de [pessoas] resgatadas vivas permanece em nove", disse o porta-voz da Agência Nacional de Gestão de Emergências da Nigéria (Nema), Ibrahim Farinloye, citado pela agência Efe.
O edifício, localizado numa das avenidas mais conceituadas de Lagos, no distrito de Ikoyi, ruiu segunda-feira à tarde, enquanto dezenas de trabalhadores se encontravam no local.
Às 16:00 locais (14:00 em Cabo Verde) de ontem, mais de 100 pessoas estavam ainda reunidas fora dos portões do local.
Pelo menos 50 pessoas, na sua maioria trabalhadores da construção civil, ficaram presas no local, de acordo com estimativas que os residentes locais partilharam com a agência espanhola.
Sentados no pavimento em frente ao local, familiares e amigos aguardavam notícias sobre as vítimas dos escombros.
À procura de sobreviventes desde as 07:00, os serviços de salvamento e resgate fizeram uma pausa esta tarde, causando reações negativas entre a multidão.
"Como pode este tipo de coisa acontecer?", questionou um trabalhador da construção, Gift Christopher, cujos colegas estavam encurralados.
"Existe um número de emergência para o estado de Lagos, todos nós estávamos lá a tentar salvar vidas, mas quando telefonam é-lhes dito que o número não está contactável. Os paramédicos dizem que estão a chegar, e [ainda tem de esperar] três horas, quatro horas", disse o trabalhador.
Na segunda-feira um engarrafamento de trânsito impediu o acesso dos trabalhadores de salvamento e das equipas de remoção de escombros ao local durante quase duas horas.
Gerrard Road, a rua movimentada onde o edifício estava localizado, foi hoje parcialmente bloqueada para facilitar a chegada dos trabalhadores de salvamento.
O governador do estado de Lagos, Babajide Sanwo-Olu, declarou que tinha suspendido o chefe da Agência Regional de Regulamentação da Construção e ordenou uma investigação.
"Não haverá encobrimento na busca da verdade sobre este incidente. Se se descobrir que alguém esteve envolvido, enfrentará a lei", garantiu o governador.
Numa declaração segunda-feira à noite, o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, instou as autoridades "a intensificar os esforços nas operações de salvamento" para as vítimas.
Apenas quatro escavadoras estavam a trabalhar nos escombros hoje à tarde.
O irmão de uma das vítimas, Motunrayo Elegbede, que está no local há 24 horas, espera por notícias sobre o seu irmão. "Estamos à espera que eles o tirem de lá. Queremo-lo vivo", explicou à agência France-Presse.
"Pessoas estão a morrer debaixo dos escombros", gritou um cidadão, Enahoro Tony, que relatou que ao tentarem ajudar a retirar os corpos foram perseguidos pelo Exército.
Os edifícios em colapso são uma tragédia comum na Nigéria, o país mais populoso de África, onde milhões de pessoas vivem em edifícios mal construídos e as leis de construção são "rotineiramente desprezadas".
Numa das piores catástrofes deste tipo, um edifício de uma igreja ruiu em 2014 em Lagos, matando mais de 100 pessoas, na sua maioria sul-africanos.
Uma investigação posterior revelou que o edifício tinha sido construído ilegalmente e apresentava defeitos estruturais.
Dois anos mais tarde, 60 pessoas morreram quando o telhado de uma igreja evangélica ruiu em Uyo, a capital do estado de Akwa Ibom, no leste do país.