África não tem de escolher entre EUA e China, diz Antony Blinken

PorExpresso das Ilhas, Lusa,19 nov 2021 14:15

O secretário de Estado norte-americano defendeu hoje que "os africanos não têm de escolher" no contexto de rivalidades crescentes entre a China e os Estados Unidos, assegurando que os EUA podem "oferecer mais em matéria de direitos democráticos".

Dias antes de a China realizar uma cimeira com África no Senegal, o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, disse hoje na Nigéria que o Presidente dos EUA, Joe Biden, tenciona organizar igualmente uma reunião de alto nível com os líderes do continente.

Num discurso na sede da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) em Abuja, Nigéria, Antony Blinken não fez nenhuma menção explícita à China, mas disse que sabia que os africanos estavam "desconfiados das amarras" que frequentemente acompanham os compromissos estrangeiros.

"Quero ser claro: os EUA não querem limitar as vossas parcerias com outros países", disse o diplomata.

Antony Blinken declarou: "Queremos reforçar ainda mais as nossas parcerias. Não queremos que façam uma escolha. Queremos dar-vos escolhas".

"A nossa abordagem será sustentável, transparente e orientada para o valor", acrescentou o chefe da diplomacia norte-americano.

Blinken reconheceu a desconfiança de muitos países africanos.

"Demasiadas vezes, os países africanos têm sido tratados como parceiros juniores, em vez de parceiros iguais", disse.

"E somos sensíveis ao facto de séculos de colonialismo, escravatura e exploração terem deixado legados dolorosos que perduram", explicou.

O governante disse que a administração Biden "acredita firmemente que é tempo de deixar de tratar a África como uma questão geopolítica e começar a tratá-la como o principal actor geopolítico em que se tornou".

Blinken, cuja visita oficial à África subsaariana teve início no Quénia e deverá terminar no Senegal, comprometeu-se a cooperar na luta contra as alterações climáticas e na covid-19.

Face às prioridades da antiga administração Trump, o Presidente Biden apelou a um novo compromisso com África, mas também com a democracia.

O Presidente irá realizar uma cimeira virtual de democracias em Dezembro para mostrar solidariedade face à ascensão de líderes autoritários em todo o mundo.

Blinken reconheceu que os Estados Unidos não são um modelo perfeito de democracia, como ficou demonstrado pelo ataque de 6 de janeiro ao Capitólio por apoiantes do então presidente, Donald Trump.

"Precisamos de mostrar como as democracias podem responder às expectativas dos cidadãos, rápida e eficazmente", acrescentou.

Também em Abuja, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Ned Price acusou hoje Pequim de constituir uma "ameaça directa à paz e estabilidade regionais" na Ásia, onde os EUA, aliados das Filipinas, acusaram na quinta-feira a China de disparar canhões de água contra alguns dos seus navios no disputado Mar do Sul da China.

Nos últimos anos, a China tem investido fortemente no continente africano, particularmente em infraestruturas e na exploração das suas matérias-primas (ouro e madeira em particular).

Falando ao lado de Blinken na quinta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros nigeriano, Geoffrey Onyeama, rejeitou as preocupações sobre a China, dizendo que a potência asiática oferecia uma "grande oportunidade" para um país que necessita de infraestruturas.

"Teríamos ido com qualquer outra pessoa a fornecer algo a um preço competitivo para nós", explicou o ministro.

O Presidente da China e o seu homólogo norte-americano reuniram-se, virtualmente em 16 de Novembro.

Xi Jinping afirmou que "China e Estados Unidos devem respeitar-se mutuamente, coexistir em paz, cooperar, gerir de forma apropriada os assuntos internos e assumir as suas responsabilidades internacionais", de acordo com a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

O Presidente chinês disse "estar preparado" para trabalhar com Joe Biden na hora de "construir consensos" e "dar passos" para recuperar as relações bilaterais.

Joe Biden salientou a necessidade de existirem salvaguardas para evitar conflitos entre os dois países, dado que "a competição entre os dois países não deve transformar-se num conflito, intencional ou não", numa altura em que se acumulam disputas entre Washington e Pequim, sobre Taiwan, comércio e direitos humanos.

Dois dias após o encontro dos chefes de Estado, o Presidente norte-americano declarou que o país está "a considerar" um boicote diplomático dos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim2022, como forma de protestar contra a violação de direitos humanos em solo chinês.

Este gesto poderá abrir nova frente de tensão diplomática entre as duas superpotências mundiais. 

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,19 nov 2021 14:15

Editado porAndre Amaral  em  22 ago 2022 23:28

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