Pouco depois do anúncio feito hoje de um acordo entre o homem forte do país, general Abdel Fattah al-Burhan, e Hamdok, deposto em 25 de Outubro, a prisão domiciliária deste foi levantada, segundo o gabinete do primeiro-ministro.
Hamdok terá que assinar o pacto para o seu retorno à frente do Governo, ao lado do general Al-Burhan, chefe do exército e autor do golpe, até ao final do dia de hoje. Os ministros e líderes civis presos em 25 de Outubro devem ser libertados, segundo o acordo anunciado por mediadores sudaneses.
"Foi alcançado um acordo político entre o general Al-Burhan, Abdullah Hamdok, forças políticas e organizações da sociedade civil para o regresso de Hamdok ao cargo e a libertação dos presos políticos", disse um responsável do partido Umma Fadlallah Burma, à AFP.
"O acordo será formalmente anunciado ainda hoje, após a assinatura dos seus termos e da declaração política que o acompanha", indicou a mesma declaração.
Este acordo - que aproxima o Sudão de um retorno às autoridades de transição civil-militares de acordo com a divisão do poder decidida em 2019, após a queda do ditador Omar al-Bashir - não alterou, no entanto, a mobilização das ruas.
Centenas de manifestantes marcharam em várias cidades do Sudão, mantendo a pressão sobre o exército, que se prepara para repor o primeiro-ministro Hamdok no cargo.
Apesar de 40 mortos e centenas de feridos desde 25 de Outubro, os sudaneses estiveram mais uma vez às centenas a marchar pelo centro de Cartum, Kassala, no leste, ou Atbara, no norte, para gritar "Não ao poder militar" e "Burhan saia" num país quase continuamente sob o domínio do exército desde sua independência, há 65 anos.
Desde o golpe de Estado, embaixadores ocidentais, negociadores das Nações Unidas ou africanos e figuras da sociedade civil sudanesa aumentaram os seus encontros com civis e militares em Cartum para relançar uma transição que supostamente conduziria o país a eleições livres em 2023, após 30 anos de ditadura de Al-Bashir, afastado pelo exército sob a pressão das ruas.
A 25 de Outubro, o general Al-Burhan mandou prender quase todos os civis no poder, pôs fim à união formada por civis e militares e declarou o estado de emergência. Hamdok, que liderava o governo de transição, foi colocado sob prisão domiciliária.