As autoridades de Saúde neerlandesas revelaram, esta terça-feira, que a variante Ómicron já estava presente no país há mais tempo, ainda antes de ter sido declarada “variante preocupante”, na semana passada.
A primeira amostra com a nova variante foi recolhida a 19 de Novembro e as autoridades acreditam que a Ómicron já está disseminada na comunidade, segundo o Instituto Nacional de Saúde Pública, citado pela ANP.
“Encontrámos a variante Ómicron em duas amostras recolhidas a 19 de Novembro e no dia 23. Não é claro se estas pessoas visitaram o Sul de África”, adiantou o instituto neerlandês. Estes casos são anteriores ao anúncio das autoridades de saúde sul-africanas, que a 25 de Novembro alertaram o mundo para uma nova variante, que um dia depois viria a ser declarada “preocupante” pela Organização Mundial de Saúde, sendo baptizada de Ómicron.
Segundo uma atualização do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), feita também esta terça-feira, com base nos dados facultados pelos Estados-membros da União Europeia e do Espaço Económico Europeu [UE/EEE] até às 12h00 de Bruxelas (10h00 em Cabo Verde), foram comunicados 44 casos confirmados de Ómicron “por 11 países da União Europeia e do Espaço Económico Europeu” - Portugal, Áustria, Bélgica, República Checa, Dinamarca, França (Reunião), Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha e Suécia.
Este número representa mais 11 casos relativamente a segunda. O ECDC destaca, contudo, que “a maioria dos casos confirmados tem um historial de viagens para países africanos, tendo alguns efectuado voos de ligação para outros destinos entre África e a Europa”. “Todos os casos para os quais existe informação disponível sobre gravidade ou eram assintomáticos ou tinham sintomas ligeiros”, refere, indicando ainda que “até à data, não foram comunicados quaisquer casos graves ou mortes entre estes casos”.
Ómicron fecha fronteiras e suspende viagens
Na passada sexta-feira, a OMS exortou os países a não imporem restrições a viajantes vindos da África Austral, mas, esta segunda-feira, a agência das Nações Unidas publicou um relatório onde alerta que o risco global representado pela nova variante é “muito alto”.
No relatório não há uma recomendação de proibição de voos para determinadas regiões, contudo, pelo menos 44 países já impuseram restrições de viagem a vários países africanos na sequência da descoberta da variante.
Em Portugal, desde a meia-noite de sábado, todos os passageiros de voos oriundos de Moçambique, África do Sul, Botswana, Essuatíni, Lesoto, Namíbia e Zimbabué estão obrigados a cumprir uma quarentena de 14 dias após a entrada em Portugal continental. Para viagens com partida de outros países, incluindo da Europa, só entram em território nacional os passageiros que estiverem vacinados e apresentem um teste negativo.
Espanha impõe quarentena de 10 dias à chegada a todos os viajantes vindos de zonas consideradas de “alto risco”.
Na sexta-feira, a União Europeia (UE) decidiu suspender temporariamente os voos da África do Sul, Namíbia, Lesoto, Essuatíni, Zimbabué, Moçambique e Botswana.
O Reino Unido obriga a um teste PCR à chegada e ao uso de máscara em espaços públicos. Além disso, África do Sul, Namíbia, Zimbabué, Botsuana, Lesoto, Essuatíni, Angola, Moçambique, Maláui e Zâmbia passaram a estar incluídos, desde as 4 horas de domingo, na lista de territórios cujos habitantes não podem viajar para o Reino Unido (a não ser que se tratem de cidadãos britânicos e que devem ficar em quarentena num hotel designado).
A Austrália proíbe, desde sábado, a entrada no país a viajantes não australianos nem residentes no país que tenham visitado nos últimos 14 dias a África do Sul, Botsuana, Malauí, Moçambique, Namíbia, ilhas Seychelles e Zimbabué. Aqueles que têm permissão para entrar no país devem cumprir uma quarentena de 14 dias num centro designado pelas autoridades.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, anunciou esta segunda-feira que o país vai encerrar fronteiras para viajantes estrangeiros, numa tentativa de conter a nova vaga da pandemia. Os cidadãos japoneses e os residentes estrangeiros que regressem de países com casos da Ómicron terão de ficar em quarentena em instalações controladas pelo Governo.
Em Israel, o gabinete do primeiro-ministro anunciou, no domingo, a proibição da entrada de estrangeiros no país a partir da meia-noite (noite de domingo para segunda-feira). Os cidadãos israelitas serão obrigados a apresentar um teste PCR negativo e a cumprir uma quarentena de três dias, caso tenham sido vacinados contra o coronavírus, e de sete dias, caso não estejam vacinados.
Durante, pelo menos, duas semanas, os voos internacionais para Marrocos estarão suspensos, uma medida anunciada pelo Governo do país no domingo, e que entrou em vigor esta segunda-feira. O comité interministerial responsável pela coordenação das medidas de viagens internacionais para prevenir a Covid-19 disse que a decisão foi tomada para “preservar as conquistas de Marrocos na luta contra a pandemia e para proteger a saúde dos seus cidadãos”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1044 de 1 de Dezembro de 2021.