"Em geral, se falarmos de sanções, tanto norte-americanas como europeias e de outros países, elas são uma faca de dois gumes", afirmou o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, na sua conferência de imprensa diária que acrescentou que os países ocidentais são obrigados a "pagar um preço elevado" por tentativas de "prejudicar" a Rússia através das restrições impostas.
"O custo destas sanções para os cidadãos europeus aumentará a cada dia", sublinhou.
O representante do Kremlin assinalou que "neste momento, tratam-se de planos" e que "a discussão continua", adiantando que Moscovo está "atento e avaliará várias opções" para responder ao sexto pacote de sanções.
Depois do embargo ao carvão que já está em curso, Bruxelas aponta desta vez para o petróleo, que a UE compra à Rússia, no valor de 74 mil milhões em 2021, e que os 27 querem deixar de importar progressivamente até ao final do ano.
A UE pretende também desligar do sistema de mensagens financeiras SWIFT o banco russo Sberbank, a mais importante entidade bancária do país que representa 37% do sistema financeiro russo, e outros dois bancos de média dimensão.
Além disso, está a ser estudada a suspensão das emissões na União Europeia de três canais de televisão russos que, segundo Bruxelas, se dedicam a replicar "desinformação e mentiras" do Governo russo sobre a Ucrânia.
A Comissão Europeia (CE) propôs hoje um sexto pacote de sanções contra a Rússia, que inclui pela primeira vez deixar de comprar petróleo russo, embora considerando aplicar este corte gradualmente até final do ano e podendo haver excepções para a Hungria e a Eslováquia.
A guerra na Ucrânia expôs a excessiva dependência energética da UE face à Rússia, que é responsável por cerca de 45% das importações de gás e de carvão europeias e também de 25% do petróleo importado pelos 27.
A Rússia lançou em 24 de Fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.