No discurso que proferiu depois de tomar posse em Tasi Tolu, nos arredores de Díli, José Ramos-Horta pediu um esforço conjunto “nos próximos cinco a 10 anos” nas “prioridades nacionais incontornáveis”, como educação e saúde.
Temas, frisou, que “merecem ver a sua importância estratégica refletida no OGE e na qualidade dos responsáveis sectorais”, especialmente tendo em conta a elevada fatia jovem da população.
“Peço a todos que mantenhamos as necessidades e os sonhos dos nossos jovens em primeiro lugar em nossas mentes e os mantenhamos firmemente em nossos corações. As suas aspirações devem orientar a nossa implementação dessas prioridades urgentes. É através do nosso investimento nos nossos jovens, o futuro de Timor-Leste, que podemos garantir o desenvolvimento, a estabilidade e a unidade da nossa Nação para todas as nossas comunidades”, afirmou.
Igualmente essencial são medidas em áreas-chave como agricultura, segurança alimentar, nutrição e água potável, considerando que as sucessivas crises alimentares “deviam ter já provocado uma reflexão profunda e decisões céleres sobre a extrema importância de maior investimento neste setor”, para garantir a “soberania total”, defendeu.
Entre outros aspetos, destacou a criação de um Fundo do Café, culturas e criação de pequenos animais e aquacultura “que garantam a segurança alimentar” e com a paralela promoção do turismo comunitário nessas regiões, bem como a captação de água para evitar secas prolongadas.
Ramos-Horta considerou que o consenso nacional deve igualmente insistir na “transparência no Estado”, com uma aposta na “profissionalização e digitalização da Administração Pública” promovendo a “despolitização (…) a transparência e a responsabilidade como forma de consolidação da legitimidade dos atos dos gestores públicos”.
O Presidente falou ainda do fortalecimento das forças de defesa e da polícia nacionais, em que destacou o apoio dado até aqui por Portugal e pela Austrália e em que defendeu acordos de segurança com os vizinhos indonésios e australianos, especialmente no Mar de Timor.
Ramos-Horta defendeu também que a liderança nacional deve continuar a “prosseguir a estratégia de desenvolvimento” da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), promovendo ao mesmo tempo toda a zona da fronteira terrestre com a metade indonésia da ilha.
As atenções voltam-se agora, na manhã de sexta-feira, hora local, para o Palácio Presidencial, onde decorrem as cerimónias oficiais da comemoração do 20.º aniversário da restauração da independência, que incluem, à tarde, uma sessão plenária no Parlamento Nacional, onde discursará o Presidente português.