Um dos maiores protestos registou-se na capital dos Estados Unidos, onde centenas de pessoas se reuniram durante horas em frente ao Supremo Tribunal, entoando mensagens como "o meu corpo, a minha escolha" e "abortar o tribunal!".
Foram ouvidos cânticos semelhantes em cerca de 70 locais nos Estados Unidos, de acordo com uma contagem realizada pelo canal CNN.
Algumas acções de protesto ocorridas na sexta-feira foram organizadas por grupos como a Planned Parenthood, a organização que dirige a maior rede de clínicas de saúde reprodutiva nos Estados Unidos, mas outras foram espontâneas, sobretudo com mulheres a juntarem-se para levantar a sua voz.
Os protestos foram particularmente significativos nas principais cidades norte-americanas, como Nova Iorque, onde milhares de pessoas se reuniram no Washington Square Park, uma praça central que tradicionalmente acolhe comícios e manifestações políticas.
Em Los Angeles (Califórnia), os manifestantes bloquearam o trânsito no centro da cidade, enquanto em Filadélfia (Pensilvânia) milhares de pessoas se reuniram em frente à icónica Câmara Municipal e em Austin (Texas) houve um protesto frente ao tribunal federal.
Outras centenas foram para as ruas de Atlanta, Geórgia, em duas manifestações separadas que convergiram para junto da sede do estado.
A maioria das marchas foi pacífica, embora tenham sido relatados incidentes em Cedar Rapids (Iowa) e Phoenix (Arizona).
Em Phoenix, a polícia utilizou gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes que se tinham reunido em frente da casa estatal do Arizona e bateram nas janelas do edifício, forçando os senadores estatais a interromper a sessão.
A polícia de Phoenix disse, através de uma declaração, que tinha utilizado gás lacrimogéneo porque os manifestantes "tentaram partir o vidro" do edifício.
Entretanto, em Cedar Rapids, duas pessoas foram feridas quando foram atropeladas por um carro durante um protesto.
Numa declaração, a presidente da Câmara de Cedar Rapids, Tiffany O'Donnell, disse que a polícia estava a investigar o incidente.
A decisão antiaborto do Supremo Tribunal gerou muita polémica e levou várias clínicas em alguns estados, como o Arizona, a deixarem de realizar abortos por medo de enfrentar consequências criminosas.
Entretanto, o aborto já é ilegal em nove estados: Alabama, Arkansas, Kentucky, Louisiana, Missouri, Oklahoma, Dakota do Sul, Utah e Wisconsin.
Todos estes estados tinham anteriormente aprovado leis que proibiam o aborto, que entraram em vigor assim que a decisão do Supremo Tribunal foi tornada pública.
A Planned Parenthood estima que 26 estados acabarão por proibir os direitos ao aborto numa questão de dias, semanas ou meses.