No lançamento do seu Relatório Mundial sobre Drogas, em Abidjan, o UNODC afirmou que, nesta região, "9,7% da população com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos usou cannabis em 2020 e 2,4% usou opiáceos farmacêuticos para fins não médicos".
Isto é superior às "estimativas globais" de 3,8% e 1,2% respetivamente, de acordo com o UNODC.
O gabinete da ONU salienta que "o consumo de drogas em África afeta principalmente os jovens com menos de 35 anos" e que "93% dos que são tratados por doenças relacionadas com o consumo de drogas em África são homens", cuja "idade média é de cerca de 30 anos".
O UNODC salienta ainda que "o colapso do Estado de direito gerado pelo conflito e tensões políticas proporciona um ambiente propício à produção e tráfico de droga, gerando rendimentos para grupos armados que, por sua vez, alimentam o conflito".
"Por exemplo, grupos armados no Sahel traficam resina de cannabis, produzida principalmente no norte de África para mercados de consumo na Europa e no Médio Oriente. Por vezes, este tráfico leva a confrontos mortais entre grupos armados na região", observa.
O relatório estima que "enquanto 90% da cocaína apreendida em todo o mundo segue rotas marítimas, as apreensões significativas no Níger (214 kg), Burkina Faso (115 kg) e Mali (33,9 kg), desde 2021, demonstram que a rota do Sahel continua a ser uma área de trânsito relativamente importante.
"As detenções na África Ocidental, combinadas com apreensões recorde da droga na região sugerem também que o tráfico fora da zona de conflito do Sahel pode estar a financiar grupos armados que aí operam. Vários indivíduos suspeitos de estarem envolvidos em apreensões de cocaína em países costeiros da África Ocidental, incluindo Guiné-Bissau, Gâmbia e Costa do Marfim, por exemplo, possuíam passaportes de países sahelianos", acrescenta.
O UNODC diz que "entre 2019 e 2022 (...) pelo menos 57 toneladas de cocaína foram apreendidas em ou a caminho da África Ocidental, principalmente em Cabo Verde (16,6 toneladas), Senegal (4,7 toneladas), Benin (3,9 toneladas), Costa do Marfim (3,5 toneladas), Gâmbia (3 toneladas) e Guiné-Bissau (2,7 toneladas).