"Os ministros da Rússia e da Ucrânia prometeram verbalmente que a Turquia receberia vantagens em termos de preços de cereais e da sua compra", disse Yunus Kilic ao jornal 'Sabah', a propósito dos resultados do acordo assinado na sexta-feira em Istambul, no âmbito do qual a Rússia também recebeu garantias relativamente às suas exportações de fertilizantes, apesar das sanções em vigor contra Moscovo.
O deputado referiu, contudo, que "Kiev vai determinar os países fornecedores, os seus volumes e os preços de cereais", enquanto a Turquia se limitará a assumir uma função administrativa para facilitar o comércio internacional de cereais ucranianos.
"É uma iniciativa que beneficiará os dois países", declarou o deputado turco.
No âmbito do acordo, uma coligação de elementos turcos, ucranianos e da ONU supervisionará o carregamento de cereais em navios nos portos ucranianos de Odessa, Chernomosk e Pivdenyi, que então navegarão numa rota previamente definida através do Mar Negro.
Os navios cruzarão o Mar Negro até ao Estreito de Bósforo, na Turquia, onde será estabelecido um centro de coordenação conjunto em Istambul - incluindo representantes da ONU, da Ucrânia, da Rússia e da Turquia - que ficará encarregue de supervisionar os navios que entram na Ucrânia para garantir que não transportam armas ou material de combate.
A Ucrânia e a Rússia assinaram na sexta-feira acordos separados com a Turquia e a ONU para desbloquear a exportação das toneladas de cereais actualmente bloqueadas nos portos do mar Negro.
Numa cerimónia realizada no Palácio Dolmabahçe, na cidade turca de Istambul, com a parceria da Turquia e da ONU, foram assinados dois documentos - já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia - devendo o acordo vigorar durante quatro meses, sendo, no entanto, renovável.
Especificamente, o acordo permitirá que navios de carga exportem de três portos ucranianos - Odessa, Pivdennyi e Chornomorsk - cerca de 22 milhões de toneladas de trigo, milho e outros cereais armazenados em silos.
O acordo de Istambul inclui ainda um documento relativo à exportação de produtos agrícolas e fertilizantes russos.
A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,9 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A organização internacional tem observado o regresso de pessoas ao território ucraniano, mas adverte que estão previstas novas vagas de deslocação devido à insegurança e à falta de abastecimento de gás e água nas áreas afectadas por confrontos.
Também segundo as Nações Unidas, mais de 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.