Igualdade de direitos para as mulheres? "Pode levar até 286 anos"

PorExpresso das Ilhas, Lusa,8 set 2022 8:52

A ONU Mulheres alertou hoje que, com o actual ritmo de progresso, levará 286 anos para que as mulheres tenham os mesmos direitos e protecções legais que os homens.

"Pode levar até 286 anos, quase três séculos, para que as mulheres tenham os mesmos direitos e protecções legais que os homens", salientou a vice-directora-geral da ONU Mulheres, Anita Bhatia, durante uma conferência de imprensa que serviu para apresentar o relatório sobre a matéria.

Durante o seu discurso, Bhatia insistiu que "ao ritmo actual de progresso, os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) do objectivo 5 [focado na igualdade de género] podem levar décadas, e até séculos, para se materializarem".

Além disso, sublinhou que "a paridade na força de trabalho não será alcançada nos próximos 140 anos" e que "é provável que demore 40 anos para alcançar a igualdade de representação nos parlamentos de todo o mundo", caso não ocorram melhorias.

O relatório apresenta que as mulheres perderam cerca de 800.000 milhões de dólares em rendimentos em 2020 devido à pandemia de covid-19 e que, apesar de "um aumento em algumas partes do mundo, a sua participação nos mercados de trabalho será menor em 2022 do que antes da pandemia".

O estudo estima também que até ao final deste ano haverá 383 milhões de mulheres e meninas a viverem abaixo do limiar da pobreza e 386 milhões de homens e meninos nessa situação.

Anita Bhatia alertou ainda para a existência de vários factores "que agravam um panorama já sombrio para a igualdade de género", como as consequências da pandemia de covid-19 ou a actual crise alimentar, financeira e de combustíveis.

"A guerra em curso na Ucrânia está a piorar a insegurança alimentar, limitando a oferta de trigo, fertilizantes e combustível e impulsionando a inflação. Cerca de 36 países dependem da Rússia e da Ucrânia para mais de metade das suas importações de trigo, incluindo nações afectadas por conflitos como o Sudão, Síria e Iémen", pode ler-se no relatório da ONU Mulheres.

Maria-Francesca Spatolisano, adjunta do secretário-geral da ONU para a coordenação de políticas, sublinhou na conferência de imprensa que "a igualdade de género é a base para alcançar todos os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável".

Já a directora de programa da Organização para o Meio Ambiente e Desenvolvimento das Mulheres (WEDO), Katie Tobin, destacou que o relatório reconhece que mulheres e meninas, especialmente em todo o sul global, são afectadas significativa e desproporcionalmente pela crise climática e pela destruição ambiental".

Para Tobin, a situação "tem suas raízes na discriminação sistémica e nas desigualdades estruturais" sofridas pelas mulheres.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,8 set 2022 8:52

Editado porAndre Amaral  em  8 set 2022 14:15

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