A Polícia disparou balas de borracha contra manifestantes concentrados na área onde se encontra o Monumento à Democracia, no centro histórico da capital tailandesa, e que pretendiam deslocar-se ao Centro de Convenções Queen Sirikit, onde se reúnem entre hoje e sábado os líderes das economias integrantes da APEC.
Segundo o grupo de advogados ILaw, pelo menos três pessoas foram detidas pelas autoridades.
O protesto reivindica a demissão do primeiro-ministro tailandês, Prayuth Chan-ocha, que preside à reunião da APEC, e pede reformas democráticas no país, que cheguem à Casa Real.
Também o Presidente russo, Vladimir Putin, e o homólogo chinês, Xi Jinping, são motivo de protestos, com alguns manifestantes a erguerem faixas com o rosto dos dois líderes e onde se pode ler: "Procura-se vivo ou morto".
As autoridades destacaram para o local um forte dispositivo de segurança, que inclui tropas de choque e o bloqueio de algumas das principais avenidas da capital.
O Presidente de França, Emmanuel Macron, apelou na sessão de hoje às economias da Cooperação Económica Ásia-Pacífico para que recusem uma postura hegemónica e de confronto, defendendo a estabilidade na região.
"Não acreditamos na hegemonia, no confronto. Acreditamos na estabilidade, acreditamos na inovação", disse o governante de França, que este ano é um dos países convidados da cimeira da APEC, que arrancou hoje em Banguecoque, na Tailândia.
Os líderes da região Ásia-Pacífico vão discutir ao longo de dois dias temas como a guerra no Ucrânia, a inflação, a crise energética e as mudanças climáticas.
No final, espera-se que cheguem a um acordo para um comunicado final, algo que não foi possível em reuniões ministeriais anteriores, este ano, devido a divisões com Moscovo, na sequência da invasão russa na Ucrânia.
"Esta guerra também é um problema vosso", disse ainda Emmanuel Macron, apelando aos participantes do evento para se juntarem num "consenso crescente" contra a guerra na Ucrânia.
Na abertura do evento, o primeiro-ministro tailandês, Prayuth Chan-ochana, sublinhou a necessidade de "combater os efeitos económicos da pandemia da covid-19".
"Também somos afectados por outras questões globais e pela crise climática que afeta não só a Ásia-Pacífico, como também os meios de subsistência em todo o mundo", disse o anfitrião.
O governante pediu aos participantes para cooperarem na prevenção da crise climática e na "transição para um novo modo de vida", numa cimeira em que a Tailândia procura aprovar uma série de medidas para um desenvolvimento sustentável.
O Presidente chinês, Xi Jinping, e os homólogos de França, Emmanuel Macron, e do Chile, Gabriel Boric, bem como Fumio Kishida, Justin Trudeau e Anthony Albanese, respetivamente primeiros-ministros do Japão, Canadá e Austrália, são alguns dos líderes presentes em Banguecoque.
A cimeira fica marcada pelas ausências do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que estará no casamento de uma neta na Casa Branca, no sábado, do Presidente russo, Vladimir Putin, além dos homólogos do Peru, Pedro Castillo, e do México, Andrés Manuel López Obrador.
Os Estados Unidos fazem-se representar pela vice-Presidente, Kamala Harris.
A cimeira da APEC não se realiza pessoalmente desde 2018, tendo sido suspensa em 2019 devido a protestos no Chile e, nos últimos dois anos, devido à pandemia de covid-19.
As economias integrantes da APEC são Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Hong Kong, China, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Filipinas, Rússia, Singapura, Taiwan, Tailândia, Estados Unidos e Vietname.
Este ano, o fórum tem como países convidados a França, a Arábia Saudita e o Camboja.
O fórum representa cerca de 60% do PIB mundial, quase metade do comércio mundial, formando um mercado de cerca de 2,9 mil milhões de consumidores, quase 40% da população mundial.