Segundo Sara Halimah, especialista em traumatologia da OMS para a região do Mediterrâneo Oriental (que cobre também países do Médio Oriente, Ásia Central e Magreb), muitos dos jovens feridos acabam por ficar marcados psicologicamente para toda a vida.
"Trata-se de violações aos direitos humanos, de atrocidades que não deveriam acontecer porque estas comunidades não deviam ser alvo de ataques", sublinhou a responsável da OMS numa conferência de imprensa em Genebra.
Halimah chamou a atenção para o facto de que 80% dos que ficam feridos na região morrem antes de chegar a um hospital.
"Pelo menos um quarto dessas mortes são evitáveis" com meios de transporte adequados e técnicas de estancamento de hemorragias, frisou.
Halimah afirmou que as feridas das vítimas de conflitos que a OMS trata nesses países são cada vez mais "complexas", resultado, entre outros fatores, do desenvolvimento de armas cada vez mais mortíferas, pelo que "exigem cirurgias cada vez mais difíceis, ou anos de reabilitação."
Outro fator que complica cada vez mais o trabalho médico, explicou, é a mudança nos padrões de ataque.
Segundo Halimah, proliferam, por exemplo, os "ataques duplos", em que há, primeiro, um pequeno impacto, e, depois, espera-se que mais pessoas cheguem à área afetada para que, num segundo ataque, se cause o maior número possível de vítimas.
Na mesma conferência de imprensa, o diretor regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental, Rick Brennan, lembrou que entre 2020 e 2021 o número de vítimas globais de conflitos aumentou 56% devido ao agravamento de crises como as do Afeganistão, Iémen ou Etiópia, número que certamente terá crescido em 2022 devido à guerra na Ucrânia.