O responsável pela polícia de Paris, Laurent Núñez, explicou hoje ao canal CNews que os manifestantes incendiaram 42 veículos, além de máquinas utilizadas na construção, e insistiu que os 350 policiais destacados durante a noite impediram roubos em lojas e noutros edifícios.
“O dispositivo durará o tempo que for necessário”, disse Núñez sobre a manutenção do aparato policial nos próximos dias, acrescentando que 24 elementos das forças de segurança ficaram feridos nos confrontos.
A mesma fonte adiantou que já estes tumultos já eram esperados, após o incidente da manhã de terça-feira, em Nanterre, aludindo à morte de Naël, um jovem com alegados antecedentes criminais que conduzia sem documentos e que, após ser mandado parar pela polícia, tentou fugir com o veículo e acabou por ser morto a tiro.
Um vídeo dos acontecimentos registado por uma testemunha mostra como um dos agentes, um brigadeiro de 38 anos, apontou a arma directamente para o jovem junto à janela do motorista enquanto o outro falava com ele do mesmo lado. Ambos os agentes foram detidos.
A Justiça abriu duas investigações, uma delas por homicídio voluntário. A segunda por causa da fuga da vítima. Esta decisão tem provocado a indignação da família do jovem que, de acordo com a sua advogada “em França não se pode julgar um morto”.
Em declarações à estação France Info, Cambla indicou que a família pretende apresentar queixa por falsificação, considerando que os agentes envolvidos no incidente mentiram no seu primeiro depoimento.
Insistiu que a reacção da polícia foi “absolutamente ilegítima” e que “não se enquadra no quadro da legítima defesa” porque “sentir-se ameaçado não basta para disparar uma bala no peito”.
Este incidente gerou uma reacção política, especialmente de alguns dirigentes de esquerda, que denunciaram o grande número de mortes às mãos de elementos policiais, que contam com a legítima defesa, principalmente quando o condutor foge a um posto de controlo.
A estrela da selecção francesa Kylian Mbappé também reagiu, escrevendo numa mensagem, na sua conta no Twitter: “A França magoa-me. Uma situação inaceitável. Estou com a família e parentes de Naël, esse anjinho que se foi cedo demais”.