A AIE publicou hoje a actualização da estratégia de 2021 no sentido de alcançar os objectivos em meados do século e limitar o aumento global das temperaturas a 1,5 graus.
Para o organismo, apesar da "falta de ambição política e da cooperação" é possível que "os avanços dos últimos anos" possam ajudar a alcançar as metas inicialmente propostas.
Deste modo, a AIE concentra-se em estratégias que visam triplicar em 2030 a capacidade de produção mundial de energias renováveis; duplicar o ritmo anual do aumento das melhorias de eficiência energética, incrementar a venda de veículos eléctricos e promover as medidas com vista ao corte das emissões de gás metano (do sector energético) em 75%.
Estas estratégias têm como base tecnologias que já existem e que "já demonstraram rentabilidade" face aos cortes de emissões e que podem garantir a redução de mais de 80% de reduções necessárias até ao final da década, indica a AIE.
Os investimentos globais devem multiplicar-se no início da próxima década para que se mantenha o ritmo da redução de emissões.
O documento destaca que o "crescimento recorde" sobre a capacidade de produção de energia solar e as vendas de carros eléctricos "estão em linha (...) com o caminho no sentido da neutralidade de emissões" a atingir em 2050.
Mesmo assim, a agência insiste que são "necessárias acções mais ambiciosas" na década actual.
O relatório constata que face a este cenário "não são necessários" novos projectos de longo prazo para a produção de petróleo, gás natural, minas de carvão ou centrais eléctricas a carvão.
A AIE reconhece que o investimento deve manter-se em alguns projectos já existentes ou que já foram aprovados nos sectores do gás e do petróleo para que seja assegurado o equilíbrio entre o aumento da produção das energias renováveis e o "declive das energias fósseis" sem gerar problemas de abastecimento nem tensões nos preços.
"A boa notícia é que sabemos que temos de fazer o como o temos de fazer", assinala no relatório o director executivo da AIE, Fatih Birol, que insiste "que para o êxito é crucial uma sólida cooperação internacional".
O documento alerta que se o mundo não conseguir expandir com a rapidez necessária o sector das energias limpas para 2030 vai ser preciso retirar da atmosfera cerca de 5.000 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano durante a segunda metade do século XXI para que seja assegurado que o aumento das temperaturas não ultrapasse os 1,5 graus.
O documento sublinha em particular que "quase todos os países precisam de acelerar o ritmo para atingir a neutralidade carbónica" e apela para que os "países ricos" antecipem os objectivos para 2045 e à República Popular da China para 2050.
Esta aceleração, que implicaria antecipar em cinco anos os objectivos de neutralidade carbónica fixados na maioria dos países desenvolvidos - incluindo os Estados Unidos, a União Europeia, o Reino Unido e o Japão - e em 10 anos na República Popular da China, é necessária para conseguir conter o aquecimento global em relação à era pré-industrial, acrescenta a AIE.