As ameaças aos sistemas essenciais à vida humana relacionam-se com o conceito de ponto de viragem climática, que é hoje regularmente utilizado pelos cientistas. O colapso do manto de gelo da Gronelândia e da floresta amazónica são apenas dois exemplos.
O novo relatório propõe a criação de uma nova categoria, designada "pontos de rutura de risco", centrada na interação entre a natureza e os sistemas construídos pelo homem. Por exemplo, o sistema de abastecimento de água e de alimentos.
"Ao danificar a natureza e a biodiversidade e ao poluir a Terra e o espaço, estamos a caminhar perigosamente para múltiplos pontos de rutura de risco, que podem destruir os sistemas de que dependem as nossas vidas", afirmou Zita Sebesvari, principal autora do relatório.
A análise alerta para ameaças que já foram descritas muitas vezes como o degelo dos glaciares, que põe em perigo o abastecimento de água, ou o desaparecimento de espécies animais que desempenham um papel fundamental nos seus ecossistemas.
Mas também destaca riscos que são menos frequentemente citados nos debates sobre o clima.
Um é a acumulação de lixo espacial, que ameaça criar colisões em cadeia que podem tornar a órbita da Terra inutilizável para os satélites - muitos deles usados para alertar para catástrofes meteorológicas.
Outro é a ameaça ao sistema de seguros: à medida que aumenta o número de catástrofes, aumentam também os seus preços, e algumas seguradoras estão mesmo a retirar-se de certas áreas, deixando as pessoas sem uma rede de segurança.
Outro risco é o esgotamento das águas subterrâneas, a maior parte das quais é utilizada na agricultura para compensar a falta de água durante as secas, por exemplo. Na Arábia Saudita, estes poços já secaram, refere o relatório, e a Índia também está perto do ponto de rutura.
Os autores propõem uma nova abordagem para analisar as possíveis respostas a estas crises, classificando-as em duas categorias: soluções destinadas a evitar as causas do problema e soluções de adaptação às mudanças inevitáveis.
A COP28 é uma cimeira da ONU sobre o clima que este ano se realiza no Dubai, entre 30 de Novembro e 12 de Dezembro.