A trégua renovável de quatro dias, obtida na quarta-feira pelo Qatar com o apoio dos Estados Unidos e do Egito, prevê a libertação de um total de 50 reféns detidos na Faixa de Gaza e de 150 palestinianos detidos nas prisões israelitas.
Um vídeo de dois minutos divulgado pelo Hamas na sexta-feira mostrava combatentes mascarados, armados com espingardas, vestindo fardas militares e a fita verde do braço armado do movimento a entregar os primeiros reféns ao Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
Os 24 reféns libertados na sexta-feira (13 israelitas, entre eles uma luso-israelita, dez tailandeses e um filipino) chegaram depois a Israel via Egito. Israel, por seu lado, libertou 39 palestinianos detidos nas suas prisões.
"Isto é apenas o início, mas até agora está a correr bem", disse na sexta-feira o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acrescentando que havia uma "possibilidade real" de prolongar a trégua.
"Ainda há cerca de 215 reféns em Gaza", disse o porta-voz do exército israelita, Doron Spielman. "Não sabemos, em muitos casos, se estão vivos ou mortos", acrescentou.
Entre os restantes reféns encontram-se 20 cidadãos tailandeses, indicou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros tailandês.
Em Telavive, rostos sorridentes de reféns libertados foram projetados na fachada do Museu de Arte na sexta-feira à noite, com as palavras: "Estou de volta a casa".
Perto do hospital pediátrico Schneider, em Petah Tikva, nos arredores de Telavive, as pessoas aplaudiram e agitaram bandeiras israelitas quando os dois helicópteros que transportavam os reféns libertados se aproximaram.
"Estou feliz por me ter reunido com a minha família. Não faz mal sentir alegria e não faz mal derramar uma lágrima. É humano", diz Yoni Asher, que acabava de se reunir com a mulher Doron e as duas filhas de dois e quatro anos, num vídeo transmitido pelo Fórum das Famílias dos Reféns.
"Mas não estou a festejar e não festejarei enquanto os últimos reféns não regressarem a casa", acrescenta.
Uma porta-voz do hospital Schneider declarou hoje que as quatro crianças e as quatro mulheres ex-reféns ali internadas estavam já com as respetivas famílias, "rodeadas por equipas médicas e psicossociais", e que o seu estado era "bom".
Os outros cinco reféns libertados, mulheres idosas, estão no Hospital Wolfson em Holon, perto de Telavive, "em estado estável" e a receber cuidados adequados, também com as respetivas famílias, segundo o porta-voz do hospital.
O exército israelita estima que cerca de 240 pessoas tenham sido raptadas pelo Hamas durante o sangrento ataque levado a cabo pelos comandos islamitas em território israelita em 07 de outubro.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que fez da libertação dos reféns uma condição prévia para qualquer cessar-fogo, disse na sexta-feira que estava determinado a trazê-los todos de volta a Israel.
Antes da libertação dos 24 reféns na sexta-feira, o Hamas já tinha libertado quatro pessoas e o exército israelita tinha recuperado outra. Dois outros reféns, incluindo um soldado, foram encontrados mortos em Gaza pelas tropas israelitas.