"A equipa da OMS e os parceiros conseguiram chegar hoje [quinta-feira] ao hospital Al Shifa e entregar 9.300 litros de combustível e material médico para cuidar de mil pacientes traumatizados e cem pacientes em diálise renal", disse esta madrugada o director da agência das Nações Unidas.
Tedros Adhanom Ghebreyesus explicou que Al Shifa retomou parcialmente os serviços, o que "significa que o consumo de combustível é muito maior e a necessidade de material médico está a aumentar".
Numa publicação na rede social X, o dirigente apelou ao "acesso sustentado e seguro" para continuar a fornecer material médico, combustível, alimentos e água a Al Shifa, que era o principal hospital de Gaza.
O hospital conta agora com 60 funcionários médicos, uma enfermaria cirúrgica com 40 camas, quatro salas de cirurgia, um sector de emergência, serviços básicos de emergência obstétrica e ginecológica, uma unidade limitada de hemodiálise e serviços mínimos de laboratório e radiologia.
"Insistimos mais uma vez que a saúde deve ser protegida e nunca ser um alvo ou militarizada", frisou Tedros.
Horas antes, a OMS tinha revelado, num relatório diário, que teve que cancelar seis missões ao norte de Gaza nas últimas duas semanas, por não ter recebido autorização e garantias de segurança de Israel.
O relatório detalhou que as missões de envio de produtos médicos de emergência para a farmácia central da cidade de Gaza foram negadas em cinco ocasiões, assim como o envio de combustível necessário para pôr a funcionar as instalações de abastecimento médico foi cancelado seis vezes.
Tedros tinha apelado a Israel para que autorizasse a entrada dos funcionários da OMS e sublinhou que o principal obstáculo à entrega da ajuda não tem sido a capacidade das agências da ONU, mas sim a falta de acesso.
A OMS lamentou novos ataques a instalações de saúde em Gaza, como o sofrido na quarta-feira por uma ambulância do Crescente Vermelho palestiniano, no qual morreram quatro trabalhadores da organização e dois pacientes que já estavam feridos.
Apenas três das 21 missões de ajuda humanitária para o norte de Gaza foram realizadas desde o início de Janeiro devido aos atrasos nos postos de controlo israelitas, além de muitas estradas estarem intransitáveis, disse na quinta-feira a ONU.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, território controlado pelo grupo islamita palestiniano Hamas, os ataques israelitas causaram 23.357 mortos e 59.410 feridos desde o início do conflito na faixa, em 07 de Outubro.