O trabalho do observatório sobre desinformação Iberifier, que junta mais de 20 entidades públicas e privadas de Portugal e Espanha, vai prolongar-se por mais três anos e expandir-se a outros países lusófonos e hispânicos, foi anunciado esta sexta-feira.
O projeto completa em Março o triénio inicial de actividade e recebeu recentemente um novo financiamento da Comissão Europeia de 1,27 milhões de euros, para uma nova fase de três anos de trabalho, até 2026, revelou em conferência em Madrid o coordenador do Ibirifier, o investigador e professor da Universidade de Navarra Ramón Salaverría.
O Iberifier é um consórcio ibérico que integra a rede de observatórios de meios digitais e desinformação promovidos pela Comissão Europeia.
Nesta nova fase, o Iberifier – Observatório Ibérico de Media Digitais passará a integrar 26 entidades (atualmente são 23), com a incorporação, em Portugal, do Instituto Politécnico de Viseu e do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas, assim como, em Espanha, do site Newtral.
Já fazem parte do Iberifier outros 23 centros de investigação e universidades ibéricas, as agências noticiosas Lusa (portuguesa) e EFE (espanhola), e fact checkers como o Polígrafo e Prova dos Factos – Público, de Portugal, e Maldita.es e Efe Verifica, de Espanha.
Sobre o objetivo de expandir “a análise dos fenómenos de desinformação ao conjunto dos países hispanos e lusófonos”, como foi anunciado em Madrid, o coordenador do Iberifier em Portugal, Gustavo Cardoso, disse à Lusa que a intenção é levar a aprendizagem adquirida nos últimos três anos para intercâmbios com Cabo Verde, Moçambique, Angola ou Brasil.
Segundo Gustavo Cardoso, já houve, no âmbito do Iberifier, “algumas experiências” na área da literacia dos media e do fact checking com entidades de outros países lusófonos, como o Brasil.
O investigador do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa sublinhou ainda como outra grande novidade da segunda fase do Iberifier a atenção às plataformas de distribuição de conteúdos na internet (como a Google ou as redes sociais do grupo Meta).
Assim, haverá “um enfoque que já não é apenas no jornalismo, naquilo que as pessoas fazem”, mas que abrangerá também as “práticas das plataformas” e de “como é que estão a cumprir aquilo com que se comprometeram” a nível de desinformação, explicou.
Na segunda fase do Iberifier, os coordenadores pretendem ainda potenciar a vertente “da sensibilização e da formação cidadã”, que no primeiro triénio esteve sobretudo focada na literacia mediática na área da educação, com formações especificamente dirigidas a professores.
Na conferência de Madrid, que encerrou o primeiro triénio do projeto Iberifier, foi apresentado um balanço da actividade até agora do observatório.
Entre os dados apresentados estão cerca de 4.500 conteúdos sujeitos a fact checking em Espanha e Portugal, mais de uma dezena de relatórios e outras publicações com tendências da desinformação e manuais de boas práticas, mais de 40 seminários para jornalistas, acções de formação para professores ou dezenas de artigos académicos divulgados em publicações científicas.
“Tudo, além disso, acompanhado de um mapeamento exaustivo dos meios digitais espanhóis e portugueses que constitui a primeira ferramenta digital destas características no mundo”, segundo uma informação escrita distribuída na conferência de Madrid.