"Em resposta à dramática deterioração da situação de segurança, decidimos reduzir as nossas atividades no terreno e transferimos o pessoal da delegação da UE em Port-au-Prince para um local mais seguro fora do país", declarou Peter Stano.
"Já retirámos todo o pessoal da UE do Haiti", acrescentou o porta-voz do chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, citado pela agência francesa AFP.
A delegação da UE, com mais de 50 funcionários, é chefiada pelo embaixador italiano Stefano Gatto.
A situação no país da Caraíbas deteriorou-se nos últimos dias com a libertação de milhares de presos, incluindo muitos líderes de gangues, e uma escalada de violência nas ruas.
Bandos criminosos controlam a maior parte da capital, Port-au-Prince, e as estradas que conduzem ao resto do país.
O responsável no Haiti pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), Philippe Branchat, descreveu no fim de semana Port-au-Prince como "uma cidade sitiada".
"Os habitantes da capital estão a viver confinados, sem terem para onde ir", disse Branchat.
Há vários dias que os bandos atacam esquadras de polícia, prisões e tribunais na ausência do primeiro-ministro Ariel Henry, cuja demissão é pedida pelos criminosos e por uma parte da população.
De acordo com as últimas notícias, Henry encontra-se retido em Porto Rico após uma viagem ao estrangeiro.
A Alemanha anunciou no domingo a partida do embaixador em Port-au-Prince para a República Dominicana, juntamente com representantes da delegação da UE.
Horas antes, os Estados Unidos tinham comunicado a retirada dos funcionários não essenciais da embaixada em Port-au-Prince e o reforço da segurança do pessoal diplomático.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, vai participar hoje, na Jamaica, numa reunião de emergência da Comunidade das Caraíbas (Caricom) sobre a crise no Haiti, segundo o Departamento de Estado.
Blinken irá discutir os esforços para "implementar rapidamente uma transição política no Haiti através da criação de um colégio presidencial independente", disse o porta-voz Matthew Miller num comunicado.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou na semana passada para o "nível sem precedentes de ilegalidade" que se vive no Haiti.
A diretora da UNICEF, Catherine Russell, denunciou um contexto marcado por "violações dos direitos humanos, raptos e um total desrespeito pela vida e bem-estar das crianças e das suas famílias".
Russel disse que os bandos de criminosos utilizam múltiplos abusos, que vão desde a destruição de casas à violência sexual, "para incutir o medo" na população.
"A violência e a desordem no Haiti atingem um nível novo e assustador", afirmou num comunicado divulgado na quinta-feira.