“Este acordo representa um compromisso, o que significa que nenhum dos lados conseguiu tudo o que queria”, disse Joe Biden, em comunicado.
O Presidente norte-americano considerou que o acordo “rejeita cortes extremos dos republicanos e expande o acesso a cuidados infantis, investe na investigação do cancro, financia cuidados de saúde mental e de consumo de substâncias, promove a liderança americana no estrangeiro e fornece recursos para proteger a fronteira”.
“É uma boa notícia para o povo americano”, afirmou.
O Senado norte-americano não aprovou o texto antes do prazo fatídico da meia-noite de sexta-feira, que deveria desencadear a paralisação ('shutdown') de parte da administração pública.
No entanto, democratas e republicanos acabaram por chegar a acordo e aprovar por 74 votos a favor contra 24 o projecto de lei orçamental no valor de 1,2 biliões de dólares (cerca de um bilião de euros).
O ligeiro atraso não terá impacto nos ministérios norte-americanos, uma vez que “as obrigações de fundos federais são incorridas e monitorizadas diariamente”, explica a Casa Branca.
As perspectivas de uma paralisação de curto prazo do governo pareciam aumentar na noite de sexta-feira, depois de republicanos e democratas desentenderem-se sobre as emendas propostas ao projecto de lei, mas o líder democrata do Senado norte-americano acabou por anunciar um acordo.
Antes de chegar ao Senado (câmara alta do Congresso dos EUA), o projecto foi aprovado pela Câmara dos Representantes (câmara baixa) por 286 votos contra 134.
O primeiro pacote de projectos de lei, que financiou os departamentos de Assuntos de Veteranos, Agricultura e Interior, entre outros, foi aprovado pelo Congresso há duas semanas, faltando apenas algumas horas para que o financiamento expirasse para esses departamentos.
O segundo pacote abrange os departamentos de Defesa, Segurança Interna e Estado, bem como áreas do governo.
As despesas discricionárias para o ano orçamental, previstas nos dois pacotes, rondam cerca de 1,66 biliões de dólares, não incluindo programas como a Segurança Social e o Medicare ou o financiamento da crescente dívida do país.
Relativamente à ajuda à Ucrânia, que Biden e a sua administração argumentaram ser crítica e necessária para ajudar a travar a invasão da Rússia, o pacote disponibiliza 300 milhões de dólares sob a égide dos gastos com defesa.
O líder da maioria republicana na Câmara de Representantes, Mike Johnson, descreveu o projeto de lei como um compromisso sério para o fortalecimento da defesa nacional – que absorve 70% deste orçamento - levando o Pentágono a concentrar-se na sua missão principal, ao mesmo tempo que expande o apoio aos que servem nas Forças Armadas, prevendo um amento salarial de 5,2% para os militares.
A congressista da ala mais conservadora do Partido (próxima do ex-presidente Donald Trump) Marjorie Taylor Greene apresentou na sexta-feira uma moção para destituir Johnson, durante a votação do pacote orçamental.
A tática usada pela ala radical dos republicanos já tinha sido usada contra o anterior líder da maioria na Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, há apenas cinco meses, quando os conservadores de extrema-direita se revoltaram devido ao seu compromisso com os democratas para evitar uma outra paralisação federal.
O porta-voz do líder republicano, Raj Shah, considera que Johnson está a ser alvo de uma cabala política encetada pelos ultra conservadores, que se recusam a reconhecer o seu esforço por preservar os valores do partido.
“O presidente da Câmara Johnson ouve sempre as preocupações dos congressistas, mas está focado em governar. (…) Ele continuará a promover uma legislação conservadora que proteja as nossas fronteiras, fortaleça a nossa defesa nacional e demonstre como aumentaremos a nossa maioria”, disse Shah na sexta-feira.