Num país que enfrenta há 13 anos uma guerra civil, o Partido Baath do Presidente sírio, Bashar al-Assad, concorre mais uma vez sem a oposição de outras formações políticas sírias.
O partido do Presidente está no poder desde 1973.
A Comissão Eleitoral confirmou que as assembleias de voto abriram hoje de manhã para a eleição dos membros da Assembleia Popular em que mais de 1.500 candidatos concorrem para um total de 250 lugares.
O presidente do organismo que tutela as eleições, Yihad Murad, disse que mais de 8.500 assembleias de voto estão a funcionar, referindo que as autoridades adotaram "todas as medidas necessárias" para garantir que o processo de votação decorra sem incidentes, apesar das ameaças de grupos rebeldes e extremistas, como é o caso do Estado Islâmico.
Até ao momento votaram, na capital do país, Damasco, o Presidente Bashar al-Assad, o primeiro-ministro, Hussein Arnus, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Faisal Mikdad.
Em declarações à agência de notícias estatal SANA, o primeiro-ministro disse que a votação "é um direito constitucional" e que a Síria "está neste momento numa nova fase no sentido da construção de um país moderno".
"As eleições parlamentares são a verdadeira expressão da crença da população na democracia", afirmou, por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros, citado também pela SANA.
Até ao momento não foram transmitidos dados sobre a participação nestas eleições que vão eleger um parlamento que terá como principal tarefa iniciar o processo de uma revisão constitucional, que vai permitir prolongar o mandato do chefe de Estado.
Bashar al-Assad tomou posse no ano 2000, após a morte do pai, Hafez al-Assad.
Nas últimas eleições legislativas, em 2020, o partido no poder obteve 166 lugares parlamentares, dois terços do número total, tendo sido eleitos 17 deputados de partidos aliados e 67 candidatos independentes mas que não representavam oposição política.
A votação de hoje ocorre num contexto de conflito, com milhões de sírios deslocados internamente ou refugiados no estrangeiro.
Nos últimos anos, as linhas da frente não mudaram significativamente, com o noroeste do país nas mãos de grupos rebeldes islâmicos e o nordeste sob controlo curdo.
O regime de Damasco conta com o apoio militar da Federação Russa (desde 2015) e do Irão.
Além da ausência de figuras de oposição e da supressão de liberdades básicas, as autoridades impediram mais uma vez a presença de observadores internacionais.
De acordo com os dados do Banco Mundial, o Produto Interno Bruto (PIB) da Síria "caiu mais de metade" entre 2010 e 2020 com grandes efeitos sociais e económicos.
A guerra civil "deteriorou de forma acelerada as condições materiais da população" a que se somam os efeitos das sanções internacionais, as consequências da pandemia de covid-19 e a seca que afetou a agricultura, apontou a instituição internacional.
Segundo o Banco Mundial, a depreciação da divisa síria provocou inflação, atingindo os salários e "empurrando cada vez mais para a pobreza" um maior número de pessoas, incluindo um número "preocupante" de pessoas sujeitas desde 2011 a "níveis de pobreza extrema".
Os preços dos bens de consumo na Síria aumentaram drasticamente após a invasão russa da Ucrânia, em Fevereiro de 2022.