"Será formado um governo provisório e através deste governo serão realizadas todas as actividades do país", declarou Waker-Uz-Zaman, numa declaração oficial transmitida em directo pela televisão bengali.
Zaman apelou ao fim da violência e disse que a formação do governo provisório será agora discutida com o Presidente do país, Shahabuddin Chuppu, garantindo que "os assassinos" e os responsáveis pelas "injustiças" cometidas contra os estudantes durante os protestos serão levados à justiça.
"Por favor, continuem a confiar no exército. Assumo toda a responsabilidade por salvar as vidas e as propriedades", acrescentou.
A declaração foi feita minutos depois de a agência noticiosa local Prothom Alo ter noticiado que Hasina tinha deixado o país num helicóptero militar às 14:30 locais (07:30 em Cabo Verde), acompanhada pela sua irmã mais nova, Sheikh Rehana.
Fontes citadas pelos meios de comunicação social locais disseram que partiram para a Índia.
Milhares de pessoas reuniram-se hoje em frente à residência oficial da primeira-ministra em Daca. Depois de a notícia da sua partida se ter tornado pública, muitas delas invadiram o edifício, de acordo com as imagens divulgadas pelos canais de televisão bengalis.
O Canal 24 do Bangladesh mostrou imagens de dezenas de pessoas na residência oficial, Ganabhaban, a transportar mobiliário, frigoríficos e até loiça, num clima de vitória.
Muitos deles pararam para acenar às câmaras de televisão, de braços erguidos, após meses de protestos.
Os manifestantes saíram à rua apesar do recolher obrigatório decretado pelo Governo na noite passada, em resposta a mais um dia de violência devido aos protestos estudantis que começaram pacificamente há cinco semanas, mas que se tornaram violentos devido a queixas de repressão policial pesada.
Cerca de 300 pessoas, na sua maioria estudantes e civis, foram mortas durante os violentos confrontos que mergulharam o Bangladesh num clima de caos.
Os protestos dos estudantes começaram por exigir o fim das quotas no emprego público, que consideram discriminatórias num dos países mais pobres do mundo, mas acabaram por exigir a demissão de Hasina e do seu governo após a morte dos manifestantes.
Hasina assumiu o poder em Janeiro para um quarto mandato consecutivo, depois de ter ganho umas eleições que foram boicotadas pela oposição.