Nas primeiras declarações públicas desde a libertação, num discurso no Conselho da Europa, em Estrasburgo, França, Assange afirmou: "Não estou livre hoje porque o sistema funcionou. Estou livre hoje porque me declarei culpado de jornalismo. Declarei-me culpado por procurar informações de uma fonte".
Assange foi libertado em Junho, após cinco anos numa prisão britânica e depois de se ter declarado culpado de obter e publicar segredos militares dos Estados Unidos, num acordo com promotores do Departamento de Justiça dos EUA.
O WikiLeaks tinha dito que Assange compareceria a esta audiência pessoalmente "devido à natureza excepcional do convite".
Antes dos cinco anos na prisão britânica, Assange passou sete anos em exílio auto-imposto na Embaixada do Equador em Londres, onde pediu asilo alegando perseguição política.
O australiano foi acusado de receber e publicar centenas de milhares de registos de guerra e telegramas diplomáticos que incluíam detalhes de irregularidades militares dos EUA no Iraque e no Afeganistão. As suas atitudes foram celebradas por defensores da liberdade de imprensa, que sublinharam o papel que desempenhou para trazer à tona condutas militares que poderiam ter sido ocultadas.
Entre os arquivos publicados pelo WikiLeaks estava um vídeo de um ataque de helicóptero Apache, em 2007, por forças americanas em Bagdade, que matou 11 pessoas, incluindo dois jornalistas da Reuters.
Mas os críticos dizem que a conduta de Assange colocou a segurança nacional americana e vidas inocentes - como pessoas que forneceram informações às forças dos EUA no Iraque e no Afeganistão - em risco, e que foi muito além dos limites e deveres tradicionais do jornalismo.
Assange declarou-se culpado, numa acusação da Lei de Espionagem, de conspirar para obter e disseminar ilegalmente informações confidenciais de defesa nacional.
Um juiz condenou-o aos cinco anos que já tinha passado na prisão no Reino Unido, lutando contra a extradição para os Estados Unidos.
O fundador da WikiLeaks regressou à Austrália como um homem livre no final de Junho. Na altura, a sua mulher, Stella, disse que ele precisava de tempo para se recuperar antes de falar publicamente.
As suas declarações hoje ocorrem depois de a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa publicar um relatório sobre a detenção de Assange na prisão de alta segurança do Reino Unido onde esteve cinco anos.