"Começámos a falar sobre o assunto com a Dinamarca, que está disposta a pensar no assunto se os nossos interesses de segurança estiverem em causa", afirmou Jean-Noël Barrot em entrevista à estação de rádio francesa Sud Radio, acrescentando que "se a Dinamarca pedir a solidariedade dos Estados-membros da UE, a França estará lá".
O ministro francês considera que os Estados Unidos da América (EUA) não vão invadir a ilha ártica que pertence à Dinamarca, que o Presidente norte-americano Donald Trump considera estratégica para o seu país, já que "não é do interesse de ninguém entrar em conflito com a UE".
"Para a Dinamarca, isso (a invasão da Gronelândia pelos Estados Unidos) não se coloca de momento", disse o chefe da diplomacia francesa, reafirmando que "as fronteiras da Europa são soberanas", mas que há questões de segurança com o Ártico a ter-se tornado um novo campo de conflito.
Antes de tomar posse, em 20 de Janeiro, Donald Trump tinha dito que não excluía o recurso à força militar ou a sanções económicas para anexar a Gronelândia, uma ilha que tencionava comprar à Dinamarca por considerá-la estratégica para a segurança dos EUA.
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, foi hoje recebida pelo presidente francês, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu em Paris, dois dias após o seu Governo ter anunciado que vai reforçar o seu sistema de defesa do Ártico com navios, drones e satélites.
"A Dinamarca anunciou que vai aumentar a sua presença militar na região em 02 mil milhões de euros, por isso, também a Dinamarca considera que temos de fazer mais para defender o Ártico contra influências ou interferências estrangeiras", afirmou Jean-Noël Barrot.
O chefe da diplomacia francesa afirmou ainda que os EUA teriam "muito a perder numa guerra comercial" com a UE, como Donald Trump ameaçou durante a campanha eleitoral, já que os EUA investem mais na Europa do que os europeus nos Estados Unidos.
Perante esta realidade, "as empresas americanas seriam as primeiras vítimas" de um confronto comercial entre os dois blocos, segundo o chefe da diplomacia francesa, que pediu que este facto fosse explicado às autoridades de Washington, e que se não for suficiente que "a Europa responderá" às tarifas norte-americanas.
Segundo a presidência francesa, o encontro em Paris entre Macron e Frederiksen centra-se nas questões da competitividade europeia, da descarbonização, da redução da dependência industrial europeia, mas também na questão da segurança e da defesa europeias, em preparação para a próxima cimeira da UE, em 03 de Fevereiro.
Antes de receber a primeira-ministra dinamarquesa, o presidente francês recebeu a presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen, para discutir essencialmente as mesmas questões, incluindo a defesa, com o objetivo de apoiar "a base industrial e tecnológica europeia de defesa".