O relatório Tendências na Mortalidade Materna, da Organização Mundial da Saúde (OMS), assinala que a maioria daquelas mortes poderia ter sido evitada ao destacar as desigualdades persistentes entre regiões e países.
O documento considera que o mundo não está no caminho certo para cumprir a meta estabelecida pela ONU para a sobrevivência materna ao nível dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.
A meta é reduzir a taxa de mortalidade materna (TMM, número de mortes maternas por 100.000 nados vivos) para menos de 70 até 2030, mas tendo em conta que a TMM global foi de 197 em 2023, será necessária uma diminuição anual de quase 15%, quando o nível actual é de cerca de 1,5%.
Divulgado no Dia Mundial da Saúde, o estudo refere que 87% das mortes maternas (225.000) foram registadas na África Subsariana e no Sul da Ásia, cerca de 70% (182.000) na primeira região e à volta de 17% (43.000) na segunda.
No entanto, aponta também que a mortalidade materna diminuiu a nível global cerca de 40% entre 2000 e 2023 e que a África Subsariana foi uma das três regiões definidas pela ONU, juntamente com a Austrália e a Nova Zelândia e a Ásia Central e Meridional, onde se verificaram quedas significativas depois de 2015.
"O acesso a serviços de saúde materna de qualidade é um direito, não um privilégio, e todos partilhamos a responsabilidade de construir sistemas de saúde dotados de recursos que salvaguardem a vida de todas as mulheres grávidas e recém-nascidos", afirma a directora executiva do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), Natalia Kanem, citada num comunicado da OMS de divulgação do estudo.
Além dos serviços essenciais durante a gravidez, o parto e o período pós-natal, o relatório assinala a importância de melhorar o acesso ao planeamento familiar e considera "fundamental garantir que as raparigas permanecem na escola e que as mulheres e as raparigas têm o conhecimento e os recursos para proteger a sua saúde".
Cerca de 75% das mortes maternas devem-se a hemorragia intensa (principalmente após o parto), infecções (geralmente pós-parto), hipertensão arterial durante a gravidez (pré-eclâmpsia e eclâmpsia), complicações do parto e aborto inseguro.
A maioria daquelas causas "é prevenível ou tratável", nota a OMS.
As mulheres que vivem em países frágeis ou com conflitos são as que enfrentam os maiores riscos de morte materna, que é de 1 em 51 para uma rapariga de 15 anos, enquanto nos que têm condições mais estáveis o risco é de 1 em 593.
O relatório Tendências na Mortalidade Materna foi elaborado pela OMS em nome do grupo interagências de Estimativa da Mortalidade Materna das Nações Unidas, que integra ainda o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o FNUAP, o Grupo Banco Mundial e a Divisão de População do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais da organização.