Numa cimeira realizada em Tóquio, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, sublinharam a afinidade com o Japão, o país asiático com mais laços com a UE, destacando a intenção de reforçar a cooperação não só em matéria de segurança e defesa, mas também nas áreas comercial e da governação internacional, apelando à revitalização da Organização Mundial do Comércio (OMC).
"O Japão foi o primeiro país da região a concluir uma parceria estratégica e de defesa com a UE, e estamos determinados a aprofundá-la", afirmou António Costa ao lado do primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba.
O antigo primeiro-ministro português confirmou negociações para um acordo sobre segurança da informação e o compromisso de intensificar a cooperação nas áreas da segurança marítima, cibernética, espacial, ameaças híbridas, não-proliferação e indústria de defesa.
Neste contexto, Von der Leyen anunciou para o próximo ano o primeiro diálogo industrial em matéria de defesa entre o Japão e o bloco europeu, com o objetivo de "reduzir dependências" e "construir ecossistemas de defesa mais robustos".
"Esta cimeira reafirmou a força do nosso vínculo único. Num mundo cada vez mais fragmentado, esta relação oferece-nos clareza e orientação para moldar um mundo que reflita os nossos valores partilhados, economias abertas, sociedades seguras e regras justas", resumiu a presidente do executivo comunitário, insistindo que a UE e o Japão devem avançar com a implementação da aliança de segurança já acordada.
Outro dos resultados concretos da cimeira foi o lançamento de uma aliança pela competitividade, que prevê o reforço dos laços entre o Japão e a UE para impulsionar o comércio no âmbito do seu acordo bilateral, melhorar as cadeias de abastecimento e fazer frente comum contra práticas comerciais desleais e atos de coerção económica.
Relativamente ao funcionamento da OMC, Von der Leyen reiterou a intenção de reforçar a cooperação com os países do Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP, na sigla inglesa), aliança da qual o Japão faz parte, com vista à reforma da organização.
"A competitividade global deve beneficiar todos. É por isso que a Europa está a intensificar a cooperação com os países do CPTPP. Não apenas para defender o comércio aberto, mas também para moldá-lo", insistiu a presidente da Comissão Europeia, sublinhando que ambos os blocos podem liderar uma "reforma significativa" na OMC.
No comunicado final conjunto e no capítulo referente às questões regionais, a UE e o Japão reiteram a "veemente condenação" da invasão russa da Ucrânia, "que constitui uma manifesta violação da lei internacional, em particular da Carta das Nações Unidas".
As duas partes coincidem também na promoção da paz e da prosperidade na região do Indo-Pacífico e voltam a afirmar as "sérias preocupações" quando à situação nos mares da China e da China do Sul, condenando "qualquer tentativa de alteração unilateral do 'status quo' pela força ou correção".
Em relação ao Médio Oriente, a UE e o Japão lembram que estão empenhados nos esforços para garantir a paz e a estabilidade regionais, exigindo que se estabeleça urgentemente um acordo de cessar-fogo, a libertação de todos os reféns detidos pelo movimento de resistência islâmica Hamas e a entrada, sem entraves, der ajuda humanitária e alimentar na Faixa de Gaza, "em linha com os princípios da ação humanitária".
No documento final da cimeira, a UE e o Japão congratulam-se com a cessação das hostilidades entre Israel e o Irão e apela, às duas partes que cumpram a lei internacional, que mantenham a moderação e criem condições para que se evite uma nova escalada na região.