A semana começa com alguns dos eventos mais importantes de toda a 80.ª Assembleia-Geral da ONU (UNGA80, na sigla em inglês), como uma reunião de alto nível para comemorar os 80 anos das Nações Unidas, na qual chefes de Estado e de Governo irão refletir sobre as conquistas das últimas oito décadas e o caminho a seguir para um sistema multilateral mais inclusivo e reativo, com respostas rápidas e adequadas.
A urgência de cumprir a promessa dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e revigorar a cooperação global são também prioridades para a organização.
Outro dos eventos mais aguardados será a Conferência para a Solução de Dois Estados, organizada pela França e pela Arábia Saudita e na qual vários países irão oficializar o reconhecimento do Estado palestiniano.
Na conferência, agendada para a tarde de segunda-feira, países como França, Reino Unido, Canadá, Bélgica e Austrália irão formalizar o reconhecimento. Portugal oficializa hoje o reconhecimento do Estado da Palestina, anunciou na sexta-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, é esperado no evento.
Na terça-feira, tem início o debate anual da Assembleia-Geral da ONU, que será marcado pelo regresso do Presidente norte-americano, Donald Trump, à organização.
Este será o quinto discurso de Trump no debate de alto nível e o primeiro do segundo mandato. Em 2017, Trump estreou-se na Assembleia-Geral da ONU, com uma intervenção em que alertou que os Estados Unidos podiam "destruir totalmente a Coreia do Norte" se fossem provocados.
Há muita expectativa sobre o que Trump dirá perante um amplo corpo diplomático, especialmente após meses de cortes significativos no orçamento destinado à ONU.
Trump será o segundo chefe de Estado a discursar, depois de Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente do Brasil, país que abre o debate geral desde 1955.
O Brasil conquistou esta posição porque, nos primeiros anos após a criação do órgão mundial, prontificou-se a discursar em primeiro, quando outros países relutavam em fazê-lo.
Como anfitriões da sede da ONU, em Nova Iorque, os Estados Unidos são o segundo país a dirigir-se à Assembleia-Geral.
Depois dessa disposição fixa atribuída a Brasília e a Washington, a ordem de discurso dos restantes Estados-membros será baseada no nível de representação, preferência e outros critérios, como o equilíbrio geográfico.
Entre os líderes a intervir no debate estarão o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o atual chefe de Estado sírio, Ahmad al-Sharaa, ou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov.
De acordo com o calendário provisório distribuído pela ONU, Portugal está representado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que irá fazer o seu último discurso perante a Assembleia-Geral antes de deixar o cargo presidencial.
Ainda segundo o calendário provisório, Marcelo Rebelo de Sousa será o 11.º líder a discursar na manhã da terça-feira, primeiro dia do debate.
O debate deste ano será subordinado ao tema "Melhor juntos: 80 anos e mais pela paz, desenvolvimento e direitos humanos".
Aos líderes é-lhes indicado um limite de tempo voluntário de 15 minutos por cada discurso.
Segundo registos da ONU, o discurso mais longo proferido na abertura de uma Assembleia-Geral foi feito em 1960 pelo líder cubano Fidel Castro, que discursou por 269 minutos.
O último dia de debate será a 29 de setembro.
À margem do debate, estão agendados muitas outras reuniões e eventos.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, terá mais de 150 reuniões bilaterais durante a Semana de Alto Nível, incluindo com Donald Trump.
O encontro está agendado para 23 de setembro, depois de ambos discursarem na Assembleia-geral.
Será o primeiro encontro oficial entre os dois líderes desde que Trump regressou à Casa Branca, em janeiro deste ano.
Para o dia 24 de setembro está agendada a Cimeira do Clima, convocada por Guterres como uma plataforma para os líderes mundiais apresentarem novos planos nacionais de ação climática.
Uma reunião sobre prevenção e controlo das doenças não transmissíveis e promoção da saúde mental e do bem-estar está agendada para o dia 25.
Uma outra reunião está agendada para o mesmo dia, mas para comemorar o 30.º aniversário do Programa Mundial de Ação para a Juventude.
Já no último dia da UNGA80, 30 de setembro, vai decorrer uma reunião plenária para abordar a crise enfrentada pelos muçulmanos rohingya e outras minorias em Myanmar (antiga Birmânia).
A Assembleia-Geral é o órgão em que os 193 Estados-membros da ONU se sentam em pé de igualdade e tem uma função exclusivamente representativa, uma vez que o verdadeiro poder é exercido pelo Conselho de Segurança, onde são membros permanentes com direito de veto cinco grandes potências: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia.
Uma nova sessão da Assembleia-Geral significa também uma nova liderança deste órgão: Annalena Baerbock, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, substituiu Philemon Yang, ex-primeiro-ministro dos Camarões.