De quando em vez surgem ainda em Cabo Verde algumas “rebeliões” contra os símbolos nacionais surgidos no pós-90. Concretizam-se em comentários e até em quebras de protocolo, nomeadamente no que diz respeito à bandeira. O Expresso das ilhas ouviu algumas opiniões de diferentes lados do espectro político, e todos parecem consensuais: a (nova) bandeira é um símbolo legitimamente instituído e, portanto, digno de respeito. Aliás, isso é já um dado adquirido pelos cabo-verdianos, considera-se. Sem esquecer a História é, pois, “fora de tempo” qualquer tentativa de menosprezar ou rejeitar o papel identitário e representativo do actual estandarte nacional.
“Todos os cabo-verdianos se revêem na bandeira [actual]”, considera o presidente da UCID, António Monteiro.
“A bandeira? A bandeira é consensual”, aponta, no mesmo sentido, Elísio Freire, líder parlamentar do MpD. E se dúvidas há, basta ver “ a reacção popular, quando joga a nossa selecção em várias modalidades”. Os jogos dos Tubarões Azuis, para usar um exemplo prático, mostram como “todo o povo cabo-verdiano usa a nossa bandeira com grande entusiasmo, com muito amor”. E é face a este apego ao símbolo que o deputado democrata diz não perceber, “ como ainda há pessoas com resquícios daquilo que já não faz sentido… “
Da emoção à razão. O ex-combatente da liberdade da Pátria Carlos Reis afirma não saber “responder se o povo cabo-verdiano assumiu a bandeira”.
“Da minha parte, eu assumi porque é uma decisão do órgão que eu reconheço com competência e legitimidade para o fazer. Agora outra coisa é perguntar-me se gosto, se não gosto… já é um outro domínio”, contrapõe.
Um artigo que pode ler na edição desta semana do Expresso das Ilhas