Prosas Soletradas & Herdeiras da LU-A-SOL: Avião é Pássaro

PorJoão Cardoso,10 abr 2018 6:19

Prosas Soletradas & Herdeiras da LU-A-SOL: Avião é Pássaro

  • É assim. Pior, muito pior, se tem que abrir uma enorme porta e tem-se que tapar a luz e proibir o azul vibrante das Ilhas. (Ao pensar que todo avião é pássaro). Assim é. Melhor, muito melhor se tem que fazer amor e tem-se que beber descalço o Dow’s Vintage Porto com a neblina da noite. (Ao pensar as Ilhas como sombras de verbos e como a forma de sermos eternos). O que posso imaginar de prazer a partir das imagens de pastéis de milho ou de um dental dourado no estendal (!) Segredava-me para os fios brancos da minha memória: comia-se agora pastéis de milho e depois o dental dourado, ou melhor, comia agora pastéis de milho e depois o dental dourado. Segredava-me também para os fios brancos da minha memória se “Esmeralda”, a nau afundada em Omã, era mesmo de Vasco da Gama (?) E ainda, segredava-me para os fios brancos da minha memória por que George Soros ataca Facebook e Google de que são “ameaças para a sociedade”.
  • Assim é. Pior, muito pior, se tem que reagir como Sean Parker, antigo Chairman do Facebook, que foi ainda mais dramático e tem-se que dizer “só Deus sabe o que é que está a fazer às nossas crianças”. É assim. Melhor, muito melhor, se tem a curadora Guggenheim de não oferecer a Donald Trump a “Paisagem com neve” de Van Gogh e tem-se de oferecer-lhe uma sanita d’Ouro “América”. (Ao pensar na boçalidade do mal e da grande imoralidade se, em Guantánamo, ecoam nas ondas hertzianas da Reloj e da Gitmo palavras a contradizerem o cantar de galos). O que posso imaginar de prazer a partir do gesto de Jeff Koons «symbolise l’acte d’offrir» à Cidade das Luzes “Bouquet of Tulips” («Bouquet de Tulipes») para ser instalado no “Palais de Tokyo” como «un geste d’amitié entre le peuple américain et le peuple français» após os atentados de 2015 e 2016(!) Segredava-me para os fios brancos da minha memória: ”Um galo sozinho não tece uma manhã. Precisará sempre de outros galos”.
  • É assim a Vida. Outra vez, segredava-me para os fios brancos da minha memória: o regresso do antissemitismo na força das veias e de caracter da Hannah Arendt com consciência “na crença da realidade da vida e na do mundo não, com efeito, mesma coisa”. Assim é o Mundo. Finalmente, segredava-me, baixinho, para os fios brancos da minha memória como Luzes incandescentes da Arendt de que é verdade: ”Os homens que não pensam são como sonâmbulos e “a bondade e sabedoria devem ser inocentes”.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 833 de 04 de Abril de 2018.

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Autoria:João Cardoso,10 abr 2018 6:19

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  10 abr 2018 6:19

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