Inflação: subida dos preços

Objetivo deste artigo é ajudar os leitores a compreender como a inflação pode ter implicações na sua situação financeira.

Para quem investe, sem dúvida, este conceito é muito importante. Na atual conjuntura económica a tendência normal dos preços é subirem – e isto chama-se de inflação. Devido a este fenómeno, quem não vir o rendimento aumentar, pelo menos, na mesma proporção, sofrerá uma perda de poder de compra, já que o dinheiro que tem valerá menos. Utiliza-se este termo para designar as subidas sustentadas dos preços da economia geral (não se aplica às subidas que atingem um só produto). Os números de inflação podem ser apresentados de seguintes formas: A primeira é a inflação mensal, ou seja, a comparação de como os preços evoluíram ao longo do último mês. Por exemplo, se a inflação mensal, em Abril de 2019, foi de 0,1%, isso significa que os bens e serviços estão mais caros em 0,1% face aos verificados em Março de 2019; A outra medida também utilizada é a inflação homologa, que compara preços num dado mês com os observados no mesmo mês do ano anterior. Assim, como em Maio de 2019 o índice de preços no consumidor (IPC) encontravam em 1,3% acima dos verificados em Maio de 2018, diz que a inflação homologa foi de 1,3%; A medida mais utilizada é a inflação média anual. Esta compara a média dos preços nos últimos doze meses com os valores observados nos doze meses precedentes. Por exemplo, em Cabo verde a inflação média registada em 2018 foi de 1,3%, ou seja, os preços estão, em média, 1,3% acima dos registados no ano transato.

Porque sobem os preços? Os preços sobem quando a procura de bens e serviços é superior à capacidade da economia para responder a essas solicitações. Isso acontece, sobretudo, em períodos prolongados de crescimento económico: é inevitável que, mais cedo ou mais tarde, a inflação o acompanhe. Este crescimento baseia-se, por sua vez, no conceito de PIB, o qual consiste no valor da riqueza produzida por um País, normalmente no período de um ano; se os salários sobem, sem que exista um aumento de produtividade que sustente essa subida, as pessoas dispõem de mais dinheiro para gastar, o que faz aumentar a procura e, como a oferta se manteve a mesma, dá-se uma subida de preço em geral; outra causa possível é a inflação importada, ou seja, a subida de preço dos bens que importamos também contribui para a inflação nacional. Se estes chegam mais caro a Cabo verde, quem os adquire ou utiliza paga mais e, tratando-se de um fabricante, irá repercutir o custo adicional de matérias-primas no preço dos seus produtos, e por aí fora, até que chegam ao consumidor final mais caros. Esta situação é mais preocupante quando se verifica um grande aumento no preço de uma matéria prima importante, que acaba por contagiar os preços de toda economia.

Tal como as causas, também as repercussões da inflação podem ser de diferente índole. A inflação tende a distorcer a economia, levando os agentes económicos a tomar decisões erradas, as quais prejudicam profundamente o desejo crescimento económico a longo prazo. Por esse motivo, a maior parte dos bancos centrais zelam pela estabilidade dos preços e, dessa forma, contribuem indiretamente para crescimento económico, embora, à vista possa não o parecer. Além disso, a inflação penaliza fortemente os investidores. É um imposto escondido, pois faz com que o dinheiro passe a valer menos, não permitindo comprar tantas coisas como antes. Em períodos de maior inflação são especialmente afetadas as pessoas que tenham investido em aplicações com taxas de juro fixas. Isto porque, depois de contratada a aplicação a uma determinada taxa, o rendimento mantém-se mesmo que a inflação suba, penalizando o investidor. Por exemplo, suponhamos que um determinado deposito a prazo por um ano apresentava uma taxa nominal líquida de 3% e que, durante o prazo da aplicação, a inflação média havia sido 2%. Nestas condições, o juro real seria de 1%. Em conclusão, no final do prazo, o dinheiro aplicado teria rendido, em termos reais, apenas 1% e não 3%, como inicialmente se poderia supor. Convém ter em conta que não é por a taxa de juro nominal ser elevada que o rendimento real das aplicações é superior, isto chama-se ilusão monetária. Quando as taxas de juro se situaram acima da inflação, possibilita um rendimento real positivo aos investidores. Porém, quando a situação se inverte, quem aplica em depósitos prazo virá o seu dinheiro desvalorizar-se. Quer queira ou não, a inflação é real. Ignorar os seus efeitos, que terá em suas economias de longo prazo, é provavelmente um dos maiores erros que poderá cometer. Entender as suas causas e consequências é o primeiro passo para tomar decisões de longo prazo para mitigar os riscos. A evolução da inflação é um dado importante a manter “debaixo d’olho”.

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Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 918 de 3 de Julho de 2019. 

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Autoria:Minarvino Filomeno Silva Furtado,9 jul 2019 6:39

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  9 jul 2019 6:39

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