O desporto para deficientes não parou de crescer e, desde 1960, decorrem os Jogos Paralímpicos, sempre alguns dias após e na mesma sede dos Jogos Olímpicos. No Rio de Janeiro, após concluída a edição dos Jogos Olímpicos de 2016, o slogan de início dos Jogos Paralímpicos foi “Acabaram os atletas e vão começar os SUPER ATLETAS”. Estavam a referir-se aos praticantes de desporto adaptado.
Cabo Verde acaba de ter uma mudança na estrutura associativa que rege o desporto adaptado com a fundação da FECADA – Federação cabo-verdiana de Desporto Adaptado, em 2019. A grande novidade é a assimilação por parte desta federação de algumas das funções que eram da responsabilidade do COPAC - Comité Paralímpico de Cabo Verde. A mudança pode à primeira vista parecer ser apenas um aspeto técnico, mas na realidade, a alteração tem uma maior profundidade. De facto, em termos de organização territorial passará obrigatoriamente a uma maior expressão de autonomia territorial e de desenvolvimento local. Um desafio que à partida me parece que será ultrapassado pelo fato de já no passado as organizações ligadas a esta área do desenvolvimento humano terem dado provas da sua resiliência.
Aqui surge também a oportunidade de novas lideranças no âmbito do movimento paralímpico, pelo que existe na minha opinião uma tomada de posição positiva por parte dos órgãos que compõem a estrutura diretiva do COPAC para a partilha de responsabilidades e de ações. Foi lançada uma primeira pedra para um novo ciclo de desenvolvimento do aclamado e reconhecido socialmente desporto adaptado, que obrigatoriamente está a mobilizar-se para uma ainda melhor organização estrutural.
Na minha opinião, surgem agora dois novos desafios estruturantes para que o alargamento da sua ação atinga novo significado. O primeiro desafio diz respeito à interligação entre a recém-criada FECADA e a inclusão da sua ação dentro das estruturas das outras federações nacionais (sejam elas o futebol, basquetebol, natação, etc…). Tudo indica que estamos já a construir novas pontes neste sentido (ver o caso da participação nacional de desporto adaptado no remo e surf).
O segundo desafio será a reconfiguração do próprio COPAC numa lógica de proximidade do vértice estratégico do desenvolvimento do desporto adaptado, passando igualmente a partilha de valores ser ainda mais próxima do movimento olímpico. Repare-se mesmo no que tem acontecido no contexto internacional do Comité Olímpico Internacional (COI) e do Comité Paralímpico Internacional (IPC), em que o próprio Andrew Parsons, atual presidente do IPC, é um recém-eleito membro do COI. Claramente as excelentes relações entre o Comité Olímpico Cabo-verdiano (COC) e o COPAC vão igualmente facilitar este desígnio.
Este fim-de-semana (30 de novembro e 1 de dezembro de 2019) é de festa para o Desporto Adaptado, pois vai organizar-se o Campeonato Nacional em várias modalidades (o tradicional CANADEP, que já vai na sua 9ª edição). Uma festa para as famílias onde todos são bem-vindos e onde eu, pessoalmente, farei questão de estar presente. Fica aqui a oportunidade de conhecer um pouco mais os nossos SUPER ATLETAS.