A criação do Instituto tem sido uma das bandeiras para o Desporto por parte do governo e vem ocupar agora a posição de instituição responsável pela implementação de uma política global e descentralizada nos domínios do desporto e da juventude.
A expectativa da criação do instituto por parte dos agentes desportivos tem sido grande, na medida que esta semana tem “chovido” pedidos de esclarecimento sobre “o que muda agora”. Legitima esta questão, e é minha convicção que o governo de cabo verde atempadamente irá preparar os necessários amplos esclarecimentos aos agentes desportivos sobre a mudança de paradigma neste sector.
Na realidade a criação de um instituto muda o figurino institucional por vários motivos. Basta olhar com atenção para os estatutos publicados para imediatamente conseguir verificar quais as principais mudanças promovidas. Logo a partida a grande mudança é que passamos a ter um organismo de direito público que integra a administração indireta do Estado dotada de personalidade jurídica própria com autonomia de gestão administrativa e financeira. A lei que rege o regime jurídico dos institutos públicos tem especificidades próprias que diferem da administração central e que recomendem a necessidade de uma gestão não submetida à direção do Governo.
Os desafios que se impõe ao novo instituto são variados. Logo a partida a sua intervenção com políticas integradas para a área do Desporto e da Juventude. Este é um desafio no desenvolvimento do nível desportivo assente no eixo da integração da política desportiva na política global de desenvolvimento num quadro global.
Considerando os fatores da política desportiva que levam ao sucesso de desenvolvimento através da gestão dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS), ou as principais políticas, ações e atividades necessárias nos pilares identificados para melhorar o clima desportivo de uma nação e consequentes estratégias de integração.
Numa análise da situação desportiva é necessária a consideração destes FCS (são 96 os que devem ser considerados) que estão divididos em 9 áreas (ou pilares). A primeira área de consideração é a dimensão do apoio financeiro ao Desporto. A segunda área diz respeito a uma abordagem integrada ao desenvolvimento de políticas no Desporto. A terceira área é a de participação no Desporto. A quarta área é a de identificação de talentos e o seu desenvolvimento. A quinta área é a da carreira do atleta e do suporte ao pós-carreira. A sexta área é a do desenvolvimento das instalações de treino. A sétima área é da prestação dos treinadores e do desenvolvimento da capacitação desses treinadores. A oitava área é a da concorrência (inter)nacional e a última área é da interligação à pesquisa científica e inovação.
A meu ver o Instituto teve um trabalho de planeamento prévio muito bem realizado até dar origem à sua fundação. A equipa de consultores que iniciou este trabalho fez um excelente trabalho de pesquisa para a implementação do mesmo. Fica agora o desafio que os primeiros passos dos seus corpos gerentes seja a de ter a capacidade de uma coerente análise dos desafios que esperam ao instituto e a adequação da sua ação aos planos de desenvolvimento nacional e os desafios de interligação com as entidades que tem na sua missão o desenvolvimento do desporto nacional.
*o autor escreve de acordo com as regras do AO90