Marta Hugon, calma melodia de uma Praia Maria…atrevida

PorPaulo Lobo Linhares,8 jun 2020 7:33

O tema “Praia”, é resultado das viagens que Marta fez à nossa cidade pela qual parece ter sido desde logo conquistada. Nasce assim uma amizade forte entre Marta e Praia Maria que, com o conviver, foi aumentando. As duas vão trocando estórias e cores, até que Marta oferece à amiga um poema, com muito do seu sentir.

Para musicar convida mais uma amiga – Sara Tavares. Sara gostou do desafio e cria a musicalidade para a “Praia, que é Praia Maria e que é ainda…Praia atrevida”.

Encantadas, atribuem cores e sons à amiga Praia Maria ( …que é também atrevida), misturando de forma arrojada e delicada, sons do Pop que se aconchegam a ambientes do Jazz, e bailam no tempero da música africana. Instrumentalmente, começa com salpicos das cordas do contrabaixo, soando a pulsar da nossa cidade, para depois ser invadida por uma suave melodia… com vista para o mar.

A saudade da cidade conquista Marta, a ponto de esta “prometer ser sua”, cantando- a, dançando-a, “espantando assim a solidão”.

Mas o disco tem mais.

Nas letras que expressam muito interior e sentimento Marta grava pela primeira vez um álbum em português escolhendo importantes colaborações: poesia de José Eduardo Agualusa, Afonso Cabral ou Nádia Schilling… e a música de Sara Tavares. A gráfica não foi esquecida tendo sido entregue a um dos nomes maiores da fotografia portuguesa, muito ligada às “imagens” musicais – Rita Carmo.

Ao longo do disco vários géneros musicais entre o Pop e o Jazz, mas uma linha sempre presente – a inconfundível guitarra de Mário Delgado (que esteve em Cabo Verde no nosso primeiro Festival de Jazz – o Fesquintal de Jazz). Mudança interessante de formação instrumental em relação aos álbuns anteriores, com maior presença do violoncelo.

Marta, com o “Coração na Boca”, parece “renascer” sem “pressa” …

Sobre os álbuns anteriores, a cantora e compositora estreia-se com o “swing” do cancioneiro norte-americano, que abraça em formato instrumental de jazz clássico – o álbum “Tender Trap”.

Seguem-se as estórias de “Story Teller”, onde a par do Jazz, pisca os olhos ao Pop, mas em abordagens bastante jazzísticas. Permitam-me aqui sublinhar os momentos da guitarra de um dos maiores intérpretes do Jazz português – André Fernandes – que produz o álbum seguinte de Marta – “A Different Time” – abordagem Pop, embrulhada numa formação de músicos oriundos do Jazz. Marta estreia-se como compositora.

image

Já com a experiência acumulada dos trabalhos e palcos anteriores, Marta dá as mãos a Filipe Melo e arrisca-se em caminhadas e composições mais oníricas com doses de muita paixão à mistura…instrumentação inspirada e ninada por um doce quarteto de cordas.

Chegamos então ao coração de Marta – o já referido “Coração de Boca” - que julgo expressar um momento bem especial de mistura de quereres, de renascer em primaveras, de muito acreditar e procura da liberdade.

Dona de uma discografia onde a elegância é uma constante, pautada por uma selecção elevada de músicos que a acompanharam desde o primeiro disco ao mais recente: Bernardo Moreira, Filipe Melo, André Fernandes…mais tarde Mário Delgado, e agora com a selecção de letristas como José Eduardo Agualusa e compositores como Mário Laginha, Sara Tavares e o próprio André Fernandes. Esperamos ver em breve, Marta a abraçar a sua Praia Maria.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 966 de 03 de Junho de 2020. 

Concorda? Discorda? Dê-nos a sua opinião. Comente ou partilhe este artigo.

Autoria:Paulo Lobo Linhares,8 jun 2020 7:33

Editado porSara Almeida  em  8 jun 2020 15:42

pub.

pub
pub.

Últimas no site

    Últimas na secção

      Populares na secção

        Populares no site

          pub.