Atleta “A” – Abuso Sexual no Desporto

PorLeonardo Cunha,10 jul 2020 8:02

Na semana passada, o documentário Atleta “A" estreou no Netflix. Este documentário de 1 hora e 44min segue uma equipa de jornalistas do Indianapolis Star, que divulgou um dos maiores escândalos do mundo do desporto. Eles descobriram o ataque sexual de centenas de jovens ginastas pelo médico da equipa de ginástica dos EUA – Dr. Larry Nassar.

Muitos saberão quem é Nassar ou se lembrarão das inúmeras manchetes com seu nome. Porém, muitos não sabem a extensão completa da história ou o quão cúmplice a USA Gymnastics foi ao permitir que Nassar continuasse a abusar de jovens ginastas.

Apesar de numerosos atletas se manifestarem sobre a má conduta do médico, a USA Gymnastics ignorou o abuso sexual de Nassar. O documentário sugere que o corpo diretivo foi alimentado puramente pelo desejo de vencer e estava mais interessado em lucrar do que com o bem-estar das Atletas. O ex-presidente de ginástica dos EUA, Steve Penny, que renunciou em 2017 durante o escândalo, aparece como um homem extremamente inepto em garantir a segurança de seus atletas. Penny demitiu Nassar em 2015, mas afirmou que se aposentou e não informou o Comitê Olímpico e Paralímpico dos EUA (USOPC) ou a Universidade Estadual de Michigan - onde ele mantinha sua prática médica - sobre as alegações de abuso sexual. Isso permitiu que Nassar continuasse abusando de meninas por mais 15 meses antes de sua prisão.

Esta corrupção e negligência, encontradas no topo de um órgão de administração desportiva de alto desempenho, que era impossível de retratar completamente nas páginas de um jornal e que o atleta “A” traz tão bem à vida. O documentário atleta “A” é vital para explicar como o abuso emocional pode levar à agressão sexual e como as duas situações podem prevalecer em ambientes desportivos de alta pressão.

Somente nesta semana, a triatleta sul-coreana Choi Suk-hyeon tirou a própria vida depois de sofrer anos de abuso físico e verbal de sua equipa técnica. Segundo relatos, numerosas queixas que o jovem de 22 anos fez às autoridades desportivas do país foram ignoradas. É o último episódio sombrio do desporto sul-coreano nos últimos anos.

Em 2018, a dupla campeã olímpica de patinação de velocidade ShimSuk-hee acusou publicamente seu treinador de abuso sexual e físico, levando o treinador a ser preso por 10 meses. Isso mostra que Nassar e a US Gymnastics não foram apenas um caso isolado.

Num comentário publico, a medalha de bronze de Judo no Rio2016, a portuguesa Telma Monteiro teve a oportunidade de plenamente expressar aquilo que penso ao ver este documentário. A Telma comentou que “O desporto (claro que não só) deveria ser sempre um lugar seguro, um meio de oportunidade, de construção pessoal, um lugar onde se é feliz!”.

O desporto, mesmo depois de todas as virtudes que de si advém, pode se tornar um lugar escuro, sombrio e sem esperança quando se permite que pessoas sem qualquer tipo de escrúpulos se apoderem de lugares de liderança e que usam o desporto como um fim para as suas próprias ambições pessoais.

O Comité Olimpico Internacional criou um conjunto de instrumentos que partiram da investigação de Brackenridge em 2001 e que permitem que anonimamente estes casos possam ser investigados e denunciados. Qualquer atleta ameaçado pode procurar ser apoiado em https://ioc.integrityline.org/

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Autoria:Leonardo Cunha,10 jul 2020 8:02

Editado porAndre Amaral  em  11 jul 2020 9:09

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