O mundo de hoje é muito diferente do que era quando as Nações Unidas foram criadas há 75 anos. Hoje mais do que nunca precisamos de invocar os valores da Carta das Nações Unidas e unirmo-nos para cumprir a sua promessa de dignidade humana.
Mesmo antes da pandemia do COVID-19, que atingiu o planeta, o mundo enfrentava o paradoxo de diminuição da cooperação mundial contra um pano de fundo de ascensão global de desafios - crise climática, tensões geopolíticas; o aprofundar das desigualdades com crescente agitação social entre outros.
Num mundo COVID 19 todas as vulnerabilidades ficaram mais expostas. Nas palavras do Secretario Geral das Nações Unidas, hoje, enfrentamos o nosso próprio momento 1945. Esta pandemia é uma crise como nenhuma outra que já tenhamos visto e é um ensaio dos desafios do mundo que estão por vir.
Perante a pandemia, as Nações Unidas em todo o mundo, com o apoio dos seus parceiros internacionais, têm dado uma resposta abrangente ao nível da saúde, assistência humanitária e recuperação social e económica. Não existe outra organização global que tenha a legitimidade, poder de assembleia e impacto normativo à escala mundial.
É neste contexto que assinalamos o 75o aniversário das Nações Unidas. Onde enormes desafios coexistem com oportunidades - como as decorrentes da ascensão das novas tecnologias e da maior geração de sempre de jovens que querem um mundo melhor.
O Secretário-Geral viu a UN75 como uma oportunidade para a ONU ouvir aqueles que servimos e identificar as suas prioridades para fortalecer a cooperação global. Um pouco por todo o planeta, lançou-se a maior conversa do mundo sobre o futuro que queremos e as Nações Unidas que precisamos. Aqui em Cabo Verde estamos a contribuir para este diálogo. Vamos ouvir as vossas vozes, para que a mudança que querem ver comece em nós!
A recuperação desta crise é uma oportunidade de imaginar economias e sociedades mais justas e equitativas. Temos o grande plano: a Carta da ONU, a Declaração Universal de Direitos Humanos, a Agenda 2030 e o Acordo de Paris. Precisamos de acelerar a ação juntos!
Sem dúvida que a ONU em Cabo Verde e no mundo, com os seus milhares de profissionais dedicados aos valores da Carta Fundadora tornaram o nosso planeta melhor.
As Nações Unidas têm acompanhado o país, ao longo dos 45 anos de independência, com progressos e conquistas de desenvolvimento notáveis em todas as áreas - com destaque para o reforço da segurança alimentar desde a década de 80, os ganhos ao nível do desenvolvimento do capital humano com a educação como desígnio nacional, o alcance da independência vacinal no fim dos anos 90, a eliminação da transmissão vertical do HIV, o aumento da proteção social, a promoção de direitos das crianças, dos direitos humanos para todos incluindo a igualdade de género. Em todos estes marcos, estivemos presentes e unidos.
Cabo Verde foi o terceiro país do mundo a graduar-se de país menos desenvolvido para país de rendimento médio baixo. Um feito assinalável para um pequeno estado insular com parcos recursos naturais, mercado sem escala, dependência de importação, choques climáticos extremos, em suma as fragilidades inerentes à sua natureza arquipelágica.
Como os demais Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, Cabo Verde tem ainda desafios para reforçar a sua resiliência, apostar na redução do custo da energia e da água, buscar novas soluções de financiamento e mais parcerias, e garantir a gestão sustentável do ambiente para o salto qualitativo necessário para a diversificação da economia, mais verde e azul. E para aproveitar o maior recurso do país – os jovens e a transição demográfica!
Ao nível das Nações Unidas, desde 2000 que Cabo Verde tem sido pioneiro de experiências piloto em todas as reformas para assegurar a manutenção e presença adequada no país, com a coerência e eficácia necessária à implementação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, e desde 2015 da Agenda 2030.
Para esta Década de Ação, continuaremos mais unidos do que nunca, para que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis sejam uma realidade para todos e em particular para tocar a vida daqueles que ainda estão mais atras.
Os desafios são enormes e o apelo é claro. Ecoamos este apelo do Secretário Geral para estarmos mais unidos, com muito mais solidariedade global, com soluções mais justas e equitativas para recuperar desta crise e reconstruir melhor.
Sei que falo em nome da Família das Nações Unidas no país, quando digo que é uma honra e privilégio fazer parte desta organização ao serviço destes “dez grãozinhos de terra”, uma grande nação que é Cabo Verde. A todos os parceiros nacionais com quem trabalhamos diariamente lado a lado; aos parceiros de desenvolvimento amigos das Nações Unidas e de Cabo Verde, à grande equipa de profissionais que tenho a honra de liderar em representação do Secretário Geral. Neste dia de aniversario bem como todos os dias, os nossos agradecimentos e um grande bem-haja!
As Nações Unidas somos todos nós. Todo vocês. Juntos vamos conseguir cumprir a promessa de não deixar ninguém para trás.