Não em réplica. Mantendo tudo o que o tema trouxe aquando da sua saída, mas refrescado instrumentalmente como que apenas fosse limpo algum pó nos vínculos de notas – os desnecessários, pois há os que são necessários e farão sempre parte da obra. Quando o tema é referência, acresce maior dificuldade para quem faz, pois para quem ouve a expectativa é mais elevada…para os intérpretes claramente uma dose de risco. Na verdade, tratando-se então de temas que fizeram uma das épocas preciosas – as décadas de 60/70 da nossa música – onde se afirmavam as nossas principais labels com a produção de vinis, hoje procurados por coleccionadores e amantes da música.
“Curpin sab” foi celebrizado por Bana, enquanto intérprete, penso que terá sido lançado na década de 70 – altura de ouro para a “Monte Cara” e para a “Morabeza Records” – as gavetas que guardaram então acervo só da nossa música e que agora, aos poucos se vai tornando, acervo da rota mundial – para amadores e coleccionadores.
Como tantos outros vinis e temas dessa altura, há uns que, de repente, se apoderam de nós e, como neste caso, se de um músico se tratar, o processo acaba em coisa séria.
Tendo-me dito que gravou o tema por gostar bastante do mesmo, imagino que o mesmo tenha ido de mansinho ter com Lucibela – e pronto: simbiose musical feita – a música soube onde se aconchegar e Luciabela soube torná-la de novo nova…
O tema remete para uma noite de diversão, in(tensa), de festa e festas, de sabura e passá-sab.
A letra abraça os intérpretes do vídeo e, na estória contada, celebram em festa.
Os músicos embalam…. e o resto-todo é Lucibela: a voz normal que faz a diferença por ser tão normal, o timbre que nos impõe sempre da melhor maneira pois traz a cor necessária do que ouvimos. Neste caso parece que recuou no tempo e tanto poderia ser uma voz de então ou de hoje. Lucibela é, de certo modo, voz intemporal…
O olhar canta parado, só se mexendo quando necessário. Sim, Luciabela também canta com o olhar. E mostra o que canta no momento…ou o momento que canta…Aqui e ali vai roubando cenários que espreita e mostra a quem estiver atento e a quiser seguir também os “pontos fixados” pela cantora…
Dança este “Corpin Sabin” quase que sem se mexer. À imagem do olhar o movimento do corpo também é coerente. Só mexe o necessário – e como isso é bom num palco.
Ficamos assim com o single, aguardando que venham mais coisas…
Contudo, este também pequeno, porém “necessário” single, já nos alimenta por algum tempo.
Contudo, da voz de Lucibela, queremos sempre mais…
Se em palco os simples registos são para nós muito…em relação à edição discográfica, queremos mais…mais do que o single…aguardamos o disco.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1028 de 11 de Agosto de 2021.