“Ka ta kusta nada” - ensinamento comunitário e artístico através do Hip-Hop

PorPaulo Lobo Linhares,23 mai 2022 7:46

​Uma das belezas da música, é exactamente estar sempre presente e como que descansando numa nuvem (…não a digital… mas também), vem ter connosco quando há motivos para tal. Estamos sempre rodeados de música, e como ela está atenta aos momentos de aproximação!

Por alguns motivos, entre os quais a actuação próxima de Kuumba Cabral – dei comigo a voltar ao vídeo final do “Cypher” – “Ka ta kusta nada”, produzido há quase um ano.

Por definição o Cypher (palavra de origem árabe e que significa o número zero, havendo correntes que defendem a ligação entre o formato do número e as rodas de um dos elementos primeiros do Hip-Hop – o Break-Dance – refere-se à junção entre sabedoria, conhecimento e entendimento, além do referido círculo pessoal de amigos ou até activistas. Reúnem-se MCs, sendo eles de grupos ou artistas solos, para rimas inéditas ou baseadas em expressões já existentes.

Hoje elevo de novo o “Ka ta kusta nada”.

Tudo nasce dentro do projecto Xalabas, onde na sede da Associação Pilorinho foram feitos workshops e brainstorming que iam formando aos poucos o esqueleto do Cypher.

Após temas e letras, a produção musical e sonorização dos momentos.

O facilitador Redy Wilson entregou a coordenação artística ao músico e produtor Kuumba Cabral e tudo foi assim criado e interpretado por: Kuumba Cabral, ZMC, Mr. Keh, Bill, Ivanilson, FabSoz, Samu Projecto, DN RDG, Like Boss, Néné prujecto, Ronny Riall e beat de Bouzin Beats.

O workshop foi realizado em Janeiro de 2021 no âmbito do FAP – Festival de Arte Pública do Projeto Xalabas – projecto da Associação Pilorinhu e da ONG Africa70, em parceria com a Câmara Municipal da Praia e a União Europeia.

Imagine-se por entre afirmadas rimas, onde os intervalos entre os MCs são cravados pelos sons dos nossos ritmos – do Batuku ao Kola San Jon, laivos de Finason e a afirmada sonoridade da Tabanka – posicionando-se em lugar de algum destaque sonoro, ou a Tabanka di Txada Grandi não fosse uma das mais robustas da nossa ilha.

É encorajado o encorajar, o fazer a motivação e o sentido de grupo.

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Olhar para nós e para os nossos é essencial para a caminhada necessária e partilhar é a palavra de ordem. “…dividi pa multiplica”.

Do pensamento de Cabral à elevação dos nomes da nossa música como Cesária, Kode di Dona ou Zeca di Nha Reinalda, todos são exemplos para que também seja proposto o enaltecer de todos e de cada um.

Assim, das ideias às conversas, dos workshops às contribuições dos convidados uma mensagem: por vezes está tudo em nós ou ao nosso alcance – “Ka ta kusta nada”.

Fica o convite para visita em https://www.youtube.com/watch?v=q5dyR0dR_Ig

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1068 de 18 de Maio de 2022.

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Autoria:Paulo Lobo Linhares,23 mai 2022 7:46

Editado porAndre Amaral  em  23 mai 2022 15:54

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