O líder é produto da sua construção interna, na medida em que repensa a sua trajetória emocional construtiva e vai-se reencontrando nos desafios inerentes ao exercício das atividades cruciais de um líder.
A motivação é a bagagem interna que todo o líder de excelência deve ter em alta conta e construir essa plataforma como base para uma liderança eficaz não deixa de ser um dos mais importantes investimentos no processo transformacional. Possuir uma bagagem intelectual e académica é importante no currículo de um líder, mas se não tiver capacidade de uma gestão eficiente dos problemas, dos conflitos e das situações inesperadas, não terá possibilidade de se superar e nem tão pouco superar as situações ao seu entorno.
Todas as vitórias ou derrotas vão depender do grau e da qualidade da motivação que um líder possui. Escolhas, ações espontâneas e planeadas, fazem parte do cotidiano do exercício de um líder. Os resultados e a qualidade estão sob o crivo das entrelinhas do escopo emocional. As emoções estão bem interligadas e possuem nexo intrínsecos com o escopo motivacional. O QI e o QE de um líder são importantes para definir o seu alcance ou o seu insucesso. As decisões fulcrais, escolhas, vitórias ou derrotas, são influenciadas pela motivação construída.
O poder que ela exerce sobre um líder, é profundamente significativo.
O equilíbrio emocional como um dos componentes essenciais para assegurar e manter a motivação na dimensão positiva, propiciando superação de obstáculos, agregando novas conquistas, deve estar em alta conta no cardápio de uma liderança de excelência. Alguns aspetos importantes podem formatar a habilidade de um líder em fortalecer as suas bases motivacionais e ao mesmo tempo desenvolver ações de grandes dimensões em termos de mudanças significativas. Antes de mais, salientamos o primeiro aspeto da lista. Propósitos definidos com clareza e assertividade.
Este aspeto é fundamental para que o líder se mantenha em alerta. Missão sem propósito é ilusão e propósito define a missão.
Os maiores líderes da história, nomeadamente da craveira de Mandela, Luther King Jr., tiveram grandes propósitos e cumpriram a missão com profundo esmero e abnegação. Homens e mulheres que deixaram um legado inigualável, andaram entradas sombrias, mas não ficaram no anonimato. Conseguiram galgar pódios como ninguém. A história sublinha os feitos de cada um deles. Avançaram com coragem, a tenacidade e a determinação sublinharam seus históricos. Nada melhor para manter-nos bem-dispostos e felizes do que a vontade de vencer e perceber as dinâmicas das ações concretizadas. O foco é determinante para anular emoções que chegam sorrateiramente e de uma forma sutil. Um segundo pormenor da lista dos aspetos que promovem a dinâmica motivacional. Aceitar a realidade sem nenhuma atitude de fuga ou ações compensatórias. Este aspeto fornece um ingrediente decisivo contra a paralisação e inércia. É a atitude que gera altitude e as atitudes positivas e inovadoras fazem parte do escopo motivacional. Do outro modo, o que causa a desmotivação são as decisões que tomamos sem lucidez emocional e integridade psíquica.
Toda a decisão exige uma atenção consciente e alta dose de equilíbrio emocional. Negar a realidade que nos interpela diariamente, que nos atrofia e transporta-nos para a zona de vítimismo e com riscos imprevisíveis é perder a luta e ficar pelo caminho. Boicota o desenvolvimento e as ações proativas do líder. Um terceiro pormenor na lista segue:
A capacidade de análise.
Este é um aspeto preponderante na missão de um líder. Sem essa engenharia intelectual e emocional, a liderança com eficácia seria difícil. O que por vezes acontece, é o líder deixar de fazer análises oportunas e sábias em detrimento de uma opção superficial, conveniente e imparcial. Isto seria o cúmulo e traria efeitos nocivos para o bem-estar interno, gerando um clima de insatisfação emocional. Devo dizer que sem a capacidade de análise a ação motivacional de um líder se esgota. Os fracos resultados são influenciados pela análise superficial que fazemos das situações que nos interpelam.
A ausência de uma análise fria e cautelosa dificulta os ganhos preconizados e põe em risco um ambiente interpessoal ou corporativo positivo.
Um quarto ingrediente decisivo.
Saber reconstruir as bases.
O líder que sabe formar alicerces sólidos, incluindo capacitação dos recursos humanos, facilmente será bem-sucedido e terá grandes resultados. O tecido do capital humano, é sem dúvida o maior de todos os investimentos que um líder de alta performance deve manter em sua agenda como prioridade máxima.
No contexto motivacional, a construção de bases sólidas capacita o líder a manter no foco certo e lhe impede de distração.
A capacidade de reconstruir novos alicerces, é importante para trazer de volta a motivação, renovando a esperança e propósitos. Um quinto ingrediente importante. Capacidade de vencer os obstáculos. Os desafios enfrentados e vencidos representam um ganho e formam uma espécie de auto-confiança para o líder.
Cada vitória será motivo de alegria e renova a motivação para novos alcances.
Um sexto aspeto na lista.
Estabelecer as prioridades.
O líder de excelência deve estabelecer prioridades em suas atribuições.
Sua mente deve focar aspetos prioritários diariamente. Enquanto gestor, administrador ou simplesmente um responsável de algum serviço. Viver no improviso é ariscado e não valerá a pena. O líder que ignora este aspeto, põe em risco o exercício da sua função e acabará numa frustração inesperada.
A motivação precisa ser regada e nutrida com novas metas, sonhos e prioridades estabelecidas. Ausência de prioridades atrapalha os processos, gerando consequências emocionais em grande escala. Sétimo aspeto preponderante.
Saber administrar as críticas ou ofensas.
Essa é uma área difícil para muitos líderes.
Poucos sabem tirar vantagens das ofensas e críticas. Abraão Lincoln teve nove derrotas nas eleições para cargos intermédias nos Estados Unidos. Quando todos acharam que seria motivo para a sua desistência e certamente foi terrivelmente criticado, prosseguiu com mais força ainda, sendo eleito como o Presidente dos Estados Unidos. A frase que marcou a sua tragédia: "Caminho devagar, mas nunca retrocedo". Um líder que não sabe lidar com a crítica não terá como avançar. Legitimar as críticas não deve ser a atitude de nenhum líder experiente.
Saber geri-las deve ser a capacidade de todo o líder eficaz. A ausência de uma gestão positiva das críticas neutraliza a motivação, gerando baixa motivacional e incapacidade de alcançar objetivos importantes.
Oitavo ingrediente ou fundamento na lista das ações que formam a base motivacional de um líder. Ausência de uma boa espiritualidade. Sem a espiritualidade o líder se perde nas decisões, nos conflitos e nos dilemas. Esta é base fundamental para todos os grandes líderes. Todo o escopo motivacional deve estar sob o crivo da espiritualidade. Liderar não é uma tarefa fácil, implica em múltiplas engenharias mentais e emocionais. Adicionar a espiritualidade como um componente essencial, facilita o combate e neutraliza a desistência pelo cansaço, conflitos internos e interpessoais.
Nono aspeto no exercício da liderança. Manter expetativas realistas.
Dosear as expetativas com a realidade, sem cair na ilusão que tudo será fácil é um ponto crucial. O caminho ás vezes se torna complexo. Reconhecer essa complexidade ajuda muito. Esperar sempre o melhor, mesmo sabendo que o pior poderá acontecer, não será uma boa ideia.
Estar consciente, mesmo para o pior, já é um bom começo. O importante é manter a motivação e a capacidade de avançar, mesmo quando tudo parece impossível.
O necessário é manter atento, ciente que liderar demanda uma boa dose de perícia emocional, consciência clara sobre as perdas e ganhos. Décimo pormenor importante no processo de uma motivação profunda e em alta. A capacidade de administrar emoções complexas. Nomeadamente a tristeza permanente, amargura causada por situações dramáticas e deceções inesperadas. Incluindo conflitos não resolvidos, ingratidão e injustiça.
Elementos que podem provocar um dano terrível no campo emocional, por conseguinte, inibem o fluido motivacional saudável. Décimo primeiro ponto importante que devemos salientar e que poderá causar uma baixa motivacional.
Insistir na mesma direção, mesmo percebendo que há sinais que indicam que a situação poderá agudizar e terminar em derrota. Evidência de uma teimosia desnecessária e obcecada.
Nenhum líder sábio e que deseja preservar a sua motivação intacta deve ater-se ou fixar-se em determinada direção, sabendo que será um perigo iminente e que poderá resultar-se em frustração.
Um indicador claro que estamos perdendo as rédeas do nosso equilíbrio emocional, é quando insistimos na mesma direção, mesmo tendo evidência de incerteza e riscos demasiados. Não poderíamos deixar de mencionar o décimo segundo aspeto que ofusca e estrangula a motivação de qualquer líder, por mais excelente que ele seja.
Saber lidar com as perdas.
O líder que não sabe gerir as suas perdas terá extrema dificuldade em sobressair como um autêntico vencedor. O líder vencedor é aquele que sabe fazer a melhor gestão das suas perdas e ganhos. Tanto nos momentos baixos ou alto sabe se posicional sem se autodestruir. A gestão das perdas é um dos aspetos mais importantes em liderança.
Muitos líderes perdem a motivação de continuar porque não fazem a melhor gestão das perdas. Vários se sucumbem completamente, desaparecem e são esquecidos. Isto porque não aprenderam a lidar com as perdas. A má gestão nesse quesito é um sinal que a área emocional merece uma atenção especial. O equilíbrio motivacional depende da capacidade de lidar com as perdas e da maturidade espiritual e emocional. Incluindo todos os demais aspectos mencionados nas linhas anteriores.