A Comissão das Comemorações dos 50 Anos de Independência aprovou, por
consenso de todos os membros, um programa que reflete esse entendimento. Um dos
seus objetivos centrais - o objetivo 4 - é claro: “Promover a Participação: incentivar a
inclusão de toda a sociedade nas comemorações, fortalecendo a democracia e os
laços entre as diferentes gerações de cabo-verdian@s”.
Ao inscrever o 25 de Abril como um marco nas celebrações, reconhecemos um facto
histórico incontornável: sem o fim da ditadura em Portugal, a independência de Cabo
Verde não teria ocorrido em 1975. Da mesma forma que o 5 de julho é a expressão
maior da nossa soberania, o 25 de Abril representa um ponto muito importante do
processo que a tornou possível.
A verdade histórica é que muitos cabo-verdianos lutaram — em diferentes frentes pela
liberdade: nos matos da Guiné-Bissau, nas universidades portuguesas, na
clandestinidade em Cabo Verde, ou mesmo nos quartéis do Movimento das Forças
Armadas de Portugal. Foram jovens, mulheres e homens, de diferentes sensibilidades
políticas e ideológicas, que contribuíram para que hoje possamos viver num país livre
e em paz.
Celebrar os 50 anos da independência não é propriedade de um partido ou de um
grupo. É um momento nacional. É reconhecer todas as vozes que se levantaram pela
liberdade e justiça. É também refletir sobre as feridas, os silêncios e as exclusões -
para que possamos continuar a construir um Cabo Verde onde caibam todas as
memórias e todas as esperanças.
Como disse Amílcar Cabral, “a luta não é contra o povo português, mas contra o
colonialismo”. E é bom lembrar que Cabral foi vítima de divisões internas, cuja verdade histórica ainda merece ser contada com coragem e lucidez — por respeito aos jovens
que querem compreender o passado para transformar o futuro.
Nunca é tarde para relembrar a célebre frase de Amílcar Cabral: “Sou um simples
africano que quis saldar a sua dívida para com o seu povo e viver a sua época”
Cabo Verde – Nôs orgulho, Nôs futuro. O lema que nos guia e que nos convida a
celebrar com verdade, com memória partilhada e com generosidade.
Afinal o futuro só se constrói com todos.