Celebrar 50 Anos de Independência Nacional: Reconhecer a Pluralidade da Nossa História

PorAntónio Lopes da Silva,4 mai 2025 12:47

É natural que, em democracia, nem sempre estejamos todos de acordo. A divergência de ideias é, aliás, uma das maiores conquistas da nossa trajetória como nação livre e soberana. O pluralismo político, consagrado nas últimas três décadas e meia da nossa história, é parte do património que celebramos nestes 50 anos de independência. Por isso, é legítimo que partidos, organizações ou cidadãos expressem as suas opiniões - mesmo quando essas opiniões divergem. O essencial é que o debate se faça com respeito, com elevação e com compromisso para com o bem comum. E esse bem comum só se fortalece quando reconhecemos que a nossa história é plural, complexa, feita de muitos protagonistas e de diferentes momentos decisivos.

A Comissão das Comemorações dos 50 Anos de Independência aprovou, por

consenso de todos os membros, um programa que reflete esse entendimento. Um dos

seus objetivos centrais - o objetivo 4 - é claro: “Promover a Participação: incentivar a

inclusão de toda a sociedade nas comemorações, fortalecendo a democracia e os

laços entre as diferentes gerações de cabo-verdian@s”.

Ao inscrever o 25 de Abril como um marco nas celebrações, reconhecemos um facto

histórico incontornável: sem o fim da ditadura em Portugal, a independência de Cabo

Verde não teria ocorrido em 1975. Da mesma forma que o 5 de julho é a expressão

maior da nossa soberania, o 25 de Abril representa um ponto muito importante do

processo que a tornou possível.

A verdade histórica é que muitos cabo-verdianos lutaram — em diferentes frentes pela

liberdade: nos matos da Guiné-Bissau, nas universidades portuguesas, na

clandestinidade em Cabo Verde, ou mesmo nos quartéis do Movimento das Forças

Armadas de Portugal. Foram jovens, mulheres e homens, de diferentes sensibilidades

políticas e ideológicas, que contribuíram para que hoje possamos viver num país livre

e em paz.

Celebrar os 50 anos da independência não é propriedade de um partido ou de um

grupo. É um momento nacional. É reconhecer todas as vozes que se levantaram pela

liberdade e justiça. É também refletir sobre as feridas, os silêncios e as exclusões -

para que possamos continuar a construir um Cabo Verde onde caibam todas as

memórias e todas as esperanças.

Como disse Amílcar Cabral, “a luta não é contra o povo português, mas contra o

colonialismo”. E é bom lembrar que Cabral foi vítima de divisões internas, cuja verdade histórica ainda merece ser contada com coragem e lucidez — por respeito aos jovens

que querem compreender o passado para transformar o futuro.

Nunca é tarde para relembrar a célebre frase de Amílcar Cabral: “Sou um simples

africano que quis saldar a sua dívida para com o seu povo e viver a sua época”

Cabo Verde – Nôs orgulho, Nôs futuro. O lema que nos guia e que nos convida a

celebrar com verdade, com memória partilhada e com generosidade.

Afinal o futuro só se constrói com todos.

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Autoria:António Lopes da Silva,4 mai 2025 12:47

Editado porSheilla Ribeiro  em  4 mai 2025 12:47

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