Em entrevista à última edição do programa Panorama 3.0, depois de ter feito um vídeo intitulado “Relatos de uma Rapariga nada púdica”, Lolo, de 24 anos, conta a sua experiência em voz própria. A protagonista procura trazer para cima da mesa a questão da homossexualidade no contexto africano, mais concretamente em Cabo Verde.
Arziki define-se como uma jovem que, de regresso ao seu país de origem, vive num conflito entre aquilo que é, enquanto mulher, e aquilo que o contexto onde cresceu lhe permite ser (ou espera que seja). Lolo conta que saiu de Cabo Verde em “briga” com a sua orientação sexual, mas chegando a Portugal teve que enfrentar outras “brigas mais urgentes”.
“É em Cabo Verde [ao qual conta regressar em breve] que vou ter tempo para repensar as minhas escolhas, para enfrentar esses conflitos. A rapariga [do vídeo] é uma jovem que deseja libertar-se da repressão e viver sua identidade num todo. A rapariga é uma jovem que deseja a liberdade de poder amar outra rapariga”, explica.
Lolo afirma que foi reprimida, em Cabo Verde, por, desde criança, manifestar o seu interesse por pessoas do mesmo sexo. Entende que existem barreiras culturais que ainda não foram completamente ultrapassadas. Acredita que não adianta ter publicidade na televisão sobre sermos todos ‘livres e iguais’, quando não se leva a discussão para as mesas de debate. Por isso, diz, é preciso mais espaço para aprofundar o tema, nos espaços sociais, mas também na própria família.
“É preciso debater, porque há pessoas a sofrer. Há pessoas que vivem a vida toda em repressão, no armário”, diz.
No país, defende, o papel sexual ainda é determinado por regras sociais, que definem como cada sexo se deve comportar. Em Cabo Verde, para reverter o papel, a jovem defende que é preciso apresentar outros conceitos, para que cada um se liberte e afirma a sua própria identidade, sem receios.