Cinco pessoas, entre elas quatro crianças, desapareceram desde Agosto do ano passado na cidade da Praia. Os casos estão a gerar alarme social no país, onde rumores e a tese mais veiculada é a de que os desaparecimentos estarão relacionados com a operação no país de redes de tráfico de pessoas.
O caso mais recente é o de duas crianças, um rapaz de 9 anos e uma rapariga de 11, que desapareceram sábado do bairro de Achada Limpo.
Em Novembro desapareceu outra rapariga de 10 anos, residente no bairro Eugénio Lima, e, desde Agosto, uma jovem de 19 anos e o seu filho recém-nascido.
Na quinta-feira, circularam rumores nas redes sociais entretanto desmentidos pelas autoridades, de que um cidadão chinês estava a sequestrar crianças no bairro de Achadinha, gerando o pânico no local.
A Polícia Nacional (PN) foi obrigada a emitir um comunicado no mesmo dia, a garantir que se tratou de um "mal-entendido" e apelou a "serenidade e colaboração" da população, mas chamou atenção para o "perigo" da veiculação de falsas notícias.
Questionado sobre esta questão na conferência de imprensa onde deu a conhecer as decisões saídas do Conselho de Ministros, Fernando Elísio Freire disse que são casos que preocupam toda a sociedade e pediu às pessoas para deixarem a justiça fazer o seu trabalho. O ministro dos Assuntos Parlamentares, do Desporto e da Presidência do Conselho de Ministros pediu atenção às pessoas, mas também apelou a "serenidade e tranquilidade".
"Apelamos a todos os cabo-verdianos que estejam atentos, que continuemos a ser um povo tranquilo, universal e amigo de todos", disse o ministro.
Sobre o falso alarme em Achadinha, o governante manifestou solidariedade ao cidadão chinês e lembrou que "o crime não tem nacionalidade".
"Pode ser chinês, francês, cabo-verdiano, holandês. Cabo Verde é um país universal, todos devem ser tratados de igual forma e vamos deixar a justiça fazer o seu trabalho, com tranquilidade, e continuar atentos porque os tempos são outros", concluiu.
O Ministério Público anunciou na terça-feira a criação de uma equipa conjunta de magistrados e elementos das Polícia Judiciária e Polícia Nacional para investigar os desaparecimentos.
O diretor da Polícia Judiciária (PJ), António Sousa, disse acreditar que as crianças permanecem em Cabo Verde e que a investigação mantém todas as hipóteses em aberto.
Os desaparecimentos na cidade da Praia motivaram já reacções de órgãos de soberania, partidos políticos, Igreja Católica e organizações defensoras dos direitos das crianças.