A amostra da população nacional que se pretende alcançar é de 8.904 alojamentos/agregados familiares, em todo o território nacional, numa operação que irá mobilizar 79 agentes inquiridores, 20 agentes de saúde e ainda um staff de gabinete com 20 elementos.
Com início na próxima quinta-feira (15), o processo de recolha de dados junto da população irá estender-se até ao mês de Maio.
“É uma operação extremamente importante de recolha de dados junto da população, permite conhecer a situação real dos indicadores sociais para a sobrevivência das crianças, o planeamento familiar e a proteção das crianças e das mulheres por forma a melhorar o conhecimento dos progressos alcançados por Cabo Verde em relação aos compromissos nacionais e internacionais, incluindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, refere nota do INE.
Especificamente em relação às crianças, o INE aponta que a inquirição irá resultar em números actualizados sobre a Mortalidade Infantil e das crianças menores de cinco anos, faixa sobre a qual também serão recolhidos dados sobre a cobertura das vacinas. Outras informações a compilar dizem respeito ao estado nutricional de mulheres e crianças e, mais particularmente, práticas alimentares das crianças.
O nível de consumo de sal iodado pelos agregados familiares; a prevalência da anemia em crianças menores de 6 anos, mulheres de 15 a 49 anos e homens de 15 a 59 anos; o comportamento em saúde reprodutiva; conhecimento e uso de contraceptivos; a Violência Baseada no Género; infecções sexualmente transmissíveis e prevalência do VIH/ Sida, são também campos contemplados na recolha, cujos primeiros resultados poderão começar a ser parcialmente divulgados em Julho.
“Contamos que já em meados de Maio estaremos a sistematizar e a analisar os dados recolhidos e que em Julho já poderão estar a ser divulgados os primeiros resultados”, avançou ao Expresso das Ilhas Orlando Monteiro, supervisor do inquérito na ilha de Santiago.
Parte do trabalho a realizar passará pela recolha de sangue (com picada única na ponta do dedo) “nas crianças menores de 6 anos, nas mulheres e homens para o teste de anemia, e também serão recolhidos sangue em homens e mulheres para o teste de VIH Sida”.
Por isso mesmo, e porque com alguma frequência circulam boatos que amedrontam e desinformam a população, este profissional reforça que os agentes no terreno (inquiridores e agentes de saúde) estarão devidamente credenciados e que será plenamente garantida a confidencialidade das informações.
"Também temos em curso campanhas informativas e de sensibilização nas rádios, televisão e outros meios", reforça Monteiro.
O II IDSR, realizado em 2005, teve entre os principais resultados a informação de que a prevalência do VIH em Cabo Verde era de 0,8% sendo 1,1% para os homens e 0,4% para as mulheres; o acesso aos cuidados pré-natal pelas mulheres grávidas durante a gestação do último filho nascido nos cinco anos anteriores ao inquérito era de 98%, sem diferenças entre o meio urbano e o rural; a prevalência da anemia nas crianças de idade compreendida entre os 6 e os 59 meses era de 52%. Nas mulheres, a anemia constituia também um problema de saúde pública, visto que 29% das mulheres sofriam de carência em ferro, sendo 43% nas grávidas e 36% nas mulheres aleitando.
Para o III Inquérito Demográfico e de Saúde Reprodutiva serão investidos, segundo Orlando Monteiro, 180 mil contos. A informatização no processo de recolha de dados, nomeadamente com recurso a tablets, irá facilitar a sua sistematização e análise.
Em Dezembro do ano passado, depois de duas semanas de formação, os agentes inquiridores realizaram um piloto da inquirição para, entre outros objectivos, testarem os equipamentos.