Mário Sanches chamou este desafio à AAVT enquanto seu novo presidente, saído das eleições na última assembleia-geral, na semana passada, que também marcou a comemoração dos 18 anos da associação.
Para o novo presidente da AAVT, as agências de viagens têm que aproveitar as oprtunidades que existem em Cabo Verde no domínio do turismo. “O maior desafio que temos neste momento é transformar as agências de viagens em agências de turismo”, salienta Mário Sanches.
Sanches, para já, reconhece a dificuldade para levar a cabo este processo, mas o primeiro passo ele já sabe qual é. “Para ser sincero, o ‘como’ é sempre o mais difícil, mas o importante é interiorizar que é necessário. Interiorizar significa fazer, e quando começamos a fazer, as coisas vão fluir com toda a naturalidade”, revela.
Depois é usar o diálogo para convencer quem tem o poder de decidir. “Nós vamos iniciar um processo de diálogo com os operadores, com as entidades ligadas ao sector do turismo e vamos mostrar que é necessário tirar partido daquilo que neste momento existe”, salienta Mário Sanches.
Diminuir as dificuldades que existem em torno dos transportes marítimo e aéreo deve ser encarado pelas autoridades competentes como o foco principal no investimento no turismo. Mas para já, Mário Sanches aponta como prioritário o envolvimento de todos e fazer com que as coisas aconteçam.
O futuro das agências de viagens
Para comemorar as quase duas décadas de existência, Pedro Ferreira, vice-presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens (APAVT) proferiu uma conferência intitulada ‘Distribuição turística, que futuro?’, abordando questões relativas à evolução do negócio, desafios e estratégias.
A disrupção do modelo de negócio, proporcionada pela velocidade do progresso da tecnologia e da Internet tem lançado dúvida sobre o futuro de todos os sectores de actividade e profissão. As agências de viagens não estão livres dessa incerteza.
“Mas existem muitos indícios de que as agências de viagens estão vivas, têm respondido bem aos desafios do presente e estarão provavelmente muito preparadas para o futuro”, salienta Pedro Ferreira.
“As agências de viagens, há uns tempos atrás, eram absolutamente imprescindíveis. O que mandava era o produto e quem o tinha eram as agências de viagens. Hoje, é necessário criar valor para o cliente, porque as agências de viagens estão em concorrência com outros elementos da cadeia de valor, com as companhias aérea, rent-a-car, hotéis”, salienta.
“A orientação para o cliente vai ser a chave para o futuro, com ou sem a tecnologia”, acrescenta Ferreira. Entretanto, tudo caminha para a robotização por completo de algumas profissões como a de recepção nos hotéis. “O check-in vai passar a ser com robótica. Uma vez que vai ser com robot, o que nós lá pomos de elemento humano é que faz a diferença”, diz.
Se para a agências de viagens a previsão é algo incerto, já para Cabo Verde enquanto destino turístico Pedro Ferreira vaticina um enorme futuro por aquilo que o país dispõe para oferecer. “Cabo Verde tem duas coisas essenciais que escasseam no mundo, que são as condições naturais fabulosas e um povo muito acolhedor, muita autenticidade. Esses são os bens mais escassos no mundo e aqueles que mais serão procurados no futuro”, destaca Pedro Ferreira, que é também proprietário de uma agência para viagens de luxo. A associação portuguesa já conta com seis décadas de existência, o que lhe permite assumir o papel de conselheiro para a AAVT, não só pela experiência acumulada, mas também porque está inserido num ambiente mais evoluído e caracterizado pela forte concorrência.
Realizada no município de Ribeira Grande de Santiago, a conferência teve a presença do presidente substituto da câmara local, do representante da Direcção Geral do Turismo, e de representantes das companhias aéreas, operadores turísticos e agentes de viagens.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 855 de 18 de Abril de 2018.