A Loide Engenharia, a Câmara Municipal da Praia e a AJEC (Associação de Jovens Empresários de Cabo Verde) criaram um concurso de ideias para tornarem a cidade mais acessível para quem nela mora.
A apresentação do concurso foi feita na segunda-feira, na Câmara Municipal e o objectivo é reunir ideias em áreas tão diversas como ambiente, energia, e-governance, transportes, segurança pública, educação, edifícios inteligentes ou saúde.
A necessidade de se criar uma cidade inteligente é algo que se tem vindo a tornar cada vez real. Estudos da ONU apontam para que actualmente mais de metade da população mundial vive nas cidades e a previsão é que esse número continue a aumentar. A ONU estima que em 2050 cerca de 70% da população mundial viva em centros urbanos.
Esta perspectiva, acrescenta a ONU, impõe enormes desafios, nomeadamente no domínio da mobilidade, mas também ao nível de outras necessidades indispensáveis ao bem-estar das pessoas, a saber: segurança, acesso a energia e água potável, habitação, saúde, educação, saneamento e tratamento de águas residuais e de resíduos sólidos, entre outros.
E é aqui que se insere este concurso de ideias promovido pelo grupo Loide Engenharia, pela AJEC e pela autarquia da capital.
O concurso, apesar de só agora ter sido apresentado, foi lançado em Abril, durante o evento CVNext, e como referiu Loide Monteiro, tem como objectivo levar os participantes a imaginar que cidade querem ter até 2025.
“Podemos aplicar inte-ligência em qualquer actividade dentro de uma cidade. Sabemos que há muitas pessoas com ideias brilhantes, mas falta uma plataforma para apresentar e depois aplicar as mesmas”, disse Loide Monteiro, que destacou que o grande objectivo deste concurso é que as ideias vencedoras sejam integradas no processo futuro de urbanização da capital.
“A ideia é tornar mais eficientes os serviços, as infra-estruturas e os equipamentos e, sobretudo, tornar a cidade um sítio aprazível de se viver”, comentou Rafael Fernandes que deu exemplos de aplicações que podem ser criadas no âmbito deste concurso e que abrangem áreas como os transportes públicos (táxis e autocarros), recolha de lixo ou farmácias de serviço.
As pré-inscrições para o concurso decorrem até 25 de Maio e não há limite de idades para quem quiser participar. A ideia é que numa primeira fase seja proporcionado aos inscritos a participação num workshop para trabalharem e aprimorar as ideias, para depois terem três meses para apresentarem os projectos finais que vão ser avaliados por um júri.
A equipa de júri vai avaliar a parte da viabilidade, o impacto na comunidade e a inovação, sendo que a oportunidade maior é o facto de os vencedores transformarem as ideias numa possível empresa que venha a ser rentável e exportar o serviço para outras partes”, precisou o representante da AJEC, Luís Frederico, apontando que no final do concurso, aberto a participação de pessoas de todas as ilhas irão premiar três homens e três mulheres.
Objectivos de Desenvolvimento sustentável são ‘prioridade’
Os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável estão no centro das atenções deste concurso. A organização quer, entre outras, ideias de aplicações informáticas que se centrem em áreas como a Igualdade de Género, Água Potável e Saneamento, Energia Acessível e Limpa, Trabalho Decente e Crescimento Económico, Indústria Inovação e Infraestrutura, Cidades e Comunidades Sustentáveis e Acção Contra a Mudança Global do Clima.
Um negócio de muitos milhões
O mercado das smart cities está em franco crescimento a nível mundial e as oportunidades de negócio que surgem para este mercado são muitas.
Em 2012 a criação de aplicações e de negócios dentro desta área geraram um volume de negócios que ultrapassou os 506 mil milhões de dólares e a expectativa é que este valor continue a crescer com vários especialistas a apontarem para valores a rondar 1,3 triliões de dólares de volume de negócios já em 2019.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 859 de 16 de Maio de 2018.