Em comunicado emitido hoje, a empresa confirma que foi contactada, através de uma chamada telefónica, pela Delegacia de Saúde da Boavista, a solicitar a evacuação da mulher para a Ilha de Santiago, tendo a empresa informado que iria verificar o voo, apesar de o mesmo estar cheio.
Por outro lado, a empresa de transportes aéreo afirma que pediu à delegacia que seguisse os procedimentos habituais e que enviasse requisição para os devidos efeitos, nomeadamente com a confirmação de lugar, documentação médica do paciente, verificações de segurança, entre outros. Os requisitos não terão sido preenchidos.
“Após essa comunicação, a Binter CV não recebeu nenhuma requisição e com o check-in encerrado, os passageiros embarcados e o voo já fechado, e com a saída iminente do mesmo, voltaram a contactar-nos, ainda sem ter enviado nenhuma documentação oficial acerca da evacuação. Voltamos a informar que deveriam enviá-la urgentemente para procedermos à reserva no voo do dia seguinte, já que nesse dia já não havia mais voos a sair da Boavista”, lê-se no comunicado.
Assim, diz a empresa, nesse mesmo dia não foi mais contactada pelos serviços de saúde, nem recebeu qualquer documentação referente a essa evacuação.
“Só tivemos conhecimento do estado da paciente pelos média e redes sociais, o que para nós é inacreditável, considerando os esforços que fazemos todos os dias para ajudar neste tipo de situações”, afirma.
“Sendo que a Binter CV nunca recebeu requisição para realização da evacuação, consideramos injusto que a responsabilidade tenha sido focada na nossa empresa, a qual tem sempre vindo a fazer todos os possíveis ao nosso alcance para solucionar os problemas de mobilidade e de saúde em Cabo Verde”, realça.
Binter diz que responsabilidade de evacuações é do Governo
No mesmo comunicado, a Binter Cabo Verde lembra que “a responsabilidade das evacuações corresponde ao Governo de Cabo Verde, ao INPS e ao Ministério de Saúde já que a Binter CV só tem autorização da AAC para o transporte de passageiros e de carga”.
Além disso, a empresa diz que os aviões a serem utilizados para estas situações deveriam ser específicos, com equipamento médico, “isto é, aviões ambulância ou helicópteros, tal como se faz em outros territórios compostos por ilhas”.
“Relembramos que os aviões da Binter CV são aviões apenas preparados para o transporte regular de passageiros”, acrescenta.
A Binter diz já ter efectuado mais de 90 evacuações (44 no ano 2017 e 47 em 2018 até o mês de Junho), com todas as condições de segurança, sempre que solicitada.
Em causa está a morte de uma jovem de 30 anos, na madrugada deste sábado, no hospital do Sal, após ter sido evacuada, quinta-feira, de barco, a partir da ilha da Boa Vista. A indicação da Delegacia de Saúde da Boavista seria para que a vítima fosse evacuada por via aérea, o que não aconteceu.